Símbolos da rebeldia do rock no pós-guerra, The Rolling Stones sempre carregaram uma reputação infame na Inglaterra. Desde sua formação em 1962, seus cabelos longos, atitude desafiadora e postura irreverente colocaram a banda em conflito com os valores conservadores da sociedade britânica da época. Como em uma profecia autorrealizável, problemas sempre pareciam encontrar o grupo — como no famoso tumulto durante um show em 1964.
O show que virou caos em Blackpool
No auge de seus primeiros sucessos, incluindo o hit número um “It’s All Over Now”, os rebeldes do blues rock se apresentariam no Empress Ballroom, em Blackpool, em um dia extremamente quente. Na década de 1960, resorts à beira-mar eram palco frequente de conflitos entre jovens — como os embates entre mods e rockers em Brighton no verão de 1964. E nenhum lugar era mais emblemático que Blackpool.
Conforme o luxuoso salão da era vitoriana se enchia de adolescentes agitados, ansiosos para ver a rebeldia dos Stones ao vivo, a tensão começou a subir. A banda local The Executives foi escalada para abrir o show, mas o público só queria ver a atração principal, tornando a apresentação dos abertura um desafio.
O guitarrista dos Executives, Peter Fielding Mojo, relembrou o clima violento daquela noite:
“O público já estava agressivo desde o início. Conseguimos tocar quase todo o repertório, mas começaram a gritar ‘We want The Stones’ e a jogar moedas no palco, até que tivemos que encerrar mais cedo.”
O estopim do caos
Após a banda de abertura ser vaiada, The Rolling Stones subiram ao palco para acalmar a plateia. Porém, seu som energético pareceu ser a faísca que faltava para transformar a agitação em um verdadeiro motim.
Keith Richards lembra:
“Eles socaram seu caminho até o palco e começaram a cuspir na gente.”
A partir daí, os detalhes ficam nebulosos, mas a história mais difundida conta que Richards e Brian Jones foram alvo de cuspes, levando Richards a chutar um fã no rosto em resposta. Isso só piorou a situação: a plateia invadiu o palco, destruiu lustres, arrancou cadeiras e jogou garrafas.
O banimento histórico
O show foi interrompido apenas 12 minutos depois do início, com a polícia contendo parte da violência. Apesar do clima já tenso antes da banda entrar no palco, o tumulto em Blackpool selou a imagem perigosa dos Stones aos olhos das autoridades.
Como resultado, o conselho local e a polícia baniram Mick Jagger e sua turma de se apresentarem em Blackpool. Mesmo quando se tornaram superstars globais, a proibição permaneceu.
O fim do banimento (mas sem retorno)
Somente em 2008, o líder do conselho Peter Callow revogou a restrição, declarando:
“O banimento foi oficialmente suspenso, e eu adoraria vê-los tocar em Blackpool novamente. Se eles nos perdoarem, nós os perdoaremos.”
Mas, até hoje, The Rolling Stones nunca voltaram à cidade.
Saiba mais sobre a icônica Blackpool
Blackpool é uma cidade litorânea no noroeste da Inglaterra, conhecida por suas praias, cassinos, luzes brilhantes e atrações turísticas vibrantes. Durante o século XX, foi um dos destinos de férias mais populares do Reino Unido, especialmente para trabalhadores em busca de diversão à beira-mar.
Principais atrações de Blackpool:
- Blackpool Tower – Um marco inspirado na Torre Eiffel, com mirante, pista de dança e um circo.
- Blackpool Illuminations – Um famoso festival de luzes que atrai milhões de visitantes todo ano.
- Pleasure Beach – Um dos parques de diversões mais antigos do mundo, com montanhas-russas clássicas.
- Empress Ballroom – O lendário salão de baile (onde os Stones causaram o caos em 1964) que ainda existe e recebe eventos.
Blackpool hoje
Embora tenha perdido parte do glamour do passado, Blackpool ainda é um destino turístico relevante, especialmente para quem busca nostalgia britânica. A cidade também investe em revitalização, tentando reconquistar visitantes com novos eventos e reformas.
Se os Rolling Stones um dia resolverem voltar, certamente seria um evento histórico para a cidade!