O caminho para o sucesso na indústria musical, especialmente para artistas independentes, é repleto de desafios. Com tantas possibilidades e responsabilidades, muitos se veem perdidos, tentando abraçar tudo e, no fim, não avançam como gostariam. Mas qual seria a chave para desbloquear esse crescimento?
O renomado artista Nick D, com milhões de seguidores e ouvintes, aponta um fator crucial: a falta de foco. Segundo ele, o problema não está no artista, mas na dificuldade de direcionar a energia para o que realmente importa. É o poder de fazer muito com pouco, uma mentalidade que, para ele, transformou sua própria carreira musical.
A ‘Maldição Criativa’ e a Importância do Progresso Real
Artistas são, por natureza, multitalentosos e curiosos. Essa é uma força inegável, mas também pode ser uma armadilha, o que ele descreve como a “maldição criativa”. Ao tentar fazer um pouco de tudo — lançar álbuns, gerenciar redes sociais, criar produtos, agendar shows —, o progresso se torna superficial, resultando em esforço sem direção e a sensação de estar apenas “girando em círculos”.
Existe uma diferença fundamental entre esforço e progresso. É possível se esforçar por anos sem qualquer avanço significativo. O progresso verdadeiro acontece quando o esforço é direcionado corretamente, mirando um objetivo muito específico. Não se trata de estar ocupado, mas de ser intencional.
A lição é simples: identificar a ação que gerará maior impacto no dia e executá-la. Isso ecoa a ideia do livro “A Única Coisa” (The One Thing), que defende a importância de descobrir o objetivo mais crítico do dia e focar nele, deixando o restante para depois. Compreender o que tem maior necessidade é essencial para o avanço.
Focar em Uma Coisa: O Caminho para o Sucesso
Quando se é um artista independente, toda a carga recai sobre você. Essa liberdade, paradoxalmente, pode ser paralisante. Há inúmeras opções: álbuns ou singles, TikTok, YouTube, Instagram, lançamento de produtos, calendário de conteúdo, apresentações ao vivo. A tentação de fazer tudo ao mesmo tempo é enorme.
No entanto, o verdadeiro poder reside em focar em uma única coisa. O progresso real surge da concentração. A estratégia é escolher uma “pista”, dedicar-se intensamente a ela por um período e ir fundo. Não se trata de fazer muitas coisas de forma rasa, mas de aprofundar-se em uma até dominar. O objetivo é fazer algo bem o suficiente para criar margem para o próximo passo.
Para o artista Nick D, seu objetivo era ter uma vida flexível, e a melhor forma que encontrou foi focar em aumentar seus números de streaming. Sua meta ambiciosa era atingir 1 milhão de streams por dia apenas no Spotify. Essa foi sua estrela-guia. Ele aprendeu a dizer “não” para 99% das distrações e oportunidades que não apontavam para essa meta, concentrando-se em aprender a melhor forma de impulsionar seus streams.
A atenção, nos dias de hoje, é uma moeda valiosa. Criar conteúdo que chame a atenção e, em seguida, direcioná-la para um lugar que possa gerar valor (como streams) é uma estratégia poderosa. Isso se alinha ao conceito de um funil de conteúdo: a fase de descoberta para alcançar novas pessoas, a fase de relacionamento para aprofundar a conexão, e a fase de conversão, onde o objetivo final é alcançado, seja uma venda ou um stream no Spotify.
A capacidade de se concentrar é um superpoder em um mundo cada vez mais distraído. Estudos apontam para uma diminuição da capacidade de concentração das pessoas. Aqueles que cultivam essa habilidade naturalmente se destacam.
Construindo Capítulos: Exemplos de Aplicação do Foco
O exemplo do artista Conor Price ilustra bem o poder do foco sequencial. No início de sua carreira, ele se concentrou intensamente em lançar músicas com frequência, criar muito conteúdo e direcionar tráfego para plataformas como Spotify e Apple Music, aumentando seus números de streaming. Somente após alguns anos dedicados a essa fase e a construção de uma base de fãs sólida, ele decidiu sair em turnê.
O resultado? Sua primeira turnê esgotou completamente. Isso demonstra a importância de construir a base de fãs *primeiro*, nutrindo uma comunidade que realmente se importa com sua arte. Essa comunidade é o verdadeiro “ouro” para um artista independente, sendo a fonte de apoio financeiro para shows, produtos e qualquer iniciativa.
Outro exemplo, fora da indústria musical, é o de um food truck que vendia apenas “peixe com batatas fritas” em Charleston. Ao invés de tentar um cardápio variado, eles focaram em fazer uma única coisa, mas a fizeram excepcionalmente bem. A fila era imensa, e o negócio cresceu a ponto de se tornar uma loja física. Eles fizeram “muito de um pouco”.
Essa abordagem de “capítulos de um livro” é essencial: não se pode ler todos os capítulos de uma vez. Primeiro, um artista pode dedicar, por exemplo, seis meses apenas à criação e aprimoramento de músicas, dominando a composição e produção. Depois, em um novo “capítulo”, focar na criação de conteúdo para promover essas músicas e construir sua base de fãs. Só então, em um capítulo subsequente, pensaria em turnês ou produtos.
O foco não significa abandonar outras coisas para sempre, mas sim escolher o que construir primeiro, dedicando amor e atenção a cada etapa da carreira, mas não a todas de uma vez. Essa estratégia não apenas acelera o processo, mas o torna mais sólido e sustentável. Cada degrau masterizado se torna uma base firme para o próximo.
Tentar fazer tudo ao mesmo tempo é exaustivo e leva à fadiga de decisão, resultando em pouco ou nenhum progresso real. Parar, identificar a área que, se crescer, abrirá portas para todas as outras, e concentrar-se nela, é a chave para o sucesso a longo prazo. O foco é um superpoder, especialmente quando todos os outros estão distraídos.