A inteligência artificial foi mesmo usada para recriar a voz de John Lennon?
Nos últimos anos, temos testemunhado avanços significativos no campo da inteligência artificial (IA), e sua aplicação na indústria musical desperta tanto curiosidade quanto controvérsia.
Recentemente, uma notícia chamou a atenção, afirmando que Paul McCartney teria utilizado IA para criar uma voz de John Lennon e usá-la em um novo lançamento dos Beatles.
No entanto, é crucial compreender o processo real envolvido antes de tirar conclusões precipitadas. É necessário esclarecer que a IA não "criou" uma voz de Lennon, mas sim extraiu um trecho real de uma gravação antiga.
Paul McCartney revelou, em uma entrevista à BBC, que a tecnologia de IA foi empregada durante a produção da série de documentários "The Beatles: Get Back" dirigida por Peter Jackson.
O objetivo era separar as vozes dos Beatles dos sons de fundo em gravações antigas. Nesse contexto, a tecnologia de IA foi utilizada para extrair a voz de John Lennon de uma demo antiga, isolando-a dos demais instrumentos presentes na gravação.
Essa técnica, conhecida como separação de fonte de áudio, permite destacar elementos específicos, como a voz, para posterior remixagem, remasterização ou reutilização em novas produções.
Durante o processo de criação do que será o último álbum dos Beatles, McCartney e a equipe conseguiram acessar uma demo que John Lennon havia gravado em uma época anterior.
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Inclusive, a mesma tecnologia permitiu que McCartney fizesse um "dueto" virtual com Lennon, que faleceu em 1980, em "I've Got a Feeling" no ano passado no Festival de Glastonbury .
Utilizando a IA, eles foram capazes de extrair a voz de Lennon desse registro e torná-la isolada, o que possibilitou a mixagem da música como qualquer outra gravação.
É importante frisar que o resultado final foi alcançado através da utilização da própria voz de Lennon, preservando sua autenticidade e evitando o uso de vocal deepfake, que seria a criação de uma voz totalmente nova por meio de um modelo de aprendizado de máquina.
No entanto, é fundamental destacar que essa tecnologia ainda não possui a capacidade de replicar completamente a expressão vocal e a personalidade de um cantor famoso que já faleceu.
O que a IA pode fazer, nesse contexto, é auxiliar no processo de separação de fontes de áudio e fornecer ferramentas para manipulação de elementos existentes em gravações.