A ascensão de Phil Collins ao centro das atenções culturais serve como um poderoso lembrete de sua imensa influência. De um artista que já foi alvo de críticas a um pilar da cultura moderna, sua jornada é notável. Uma geração mais jovem está agora redescobrindo o Phil Collins baterista, encontrando sua vasta carreira como um tesouro perdido, livre dos brilhos comerciais que marcaram seu auge.
Despojado do excesso, a essência de Collins permanece a mesma: um baterista com profunda reverência por aqueles que romperam barreiras e transformaram a bateria em uma forma de alta arte. Embora tenha sido catapultado para o centro do palco como vocalista do Genesis após a saída de Peter Gabriel nos anos 70, nunca esqueceu sua paixão primordial.
Ele sempre se considerou um baterista primeiro e um cantor em segundo. Apesar de sua voz ter se tornado um som familiar nos anos 80, o próprio Phil Collins admitiu repetidamente que os holofotes nunca pareceram tão naturais quanto se sentar atrás de sua bateria. Seu respeito pelos precursores revela muito sobre o músico que sempre aspirou ser: uma combinação de alma, técnica e arte sentida em cada batida.
A Jornada de Phil Collins Baterista: Influências que Moldaram um Gênio Rítmico
O primeiro baterista a quem Collins atribui a formação de sua abordagem é nada menos que Ringo Starr, dos Beatles. Para muitos, os Beatles foram uma porta de entrada para a criatividade, e Collins não foi exceção. No entanto, enquanto outros focavam nas letras de John Lennon ou nas melodias de Paul McCartney, Phil Collins se concentrou na maneira única de Ringo abordar o ritmo.
Ringo, muitas vezes visto como o menos talentoso dos Beatles, era tudo menos isso aos olhos de Collins. Ele era o herói anônimo por trás de inúmeras canções icônicas, ancorando silenciosamente o som dos Beatles com um estilo discreto, mas inventivo. Collins aponta para músicas como “Tomorrow Never Knows”, onde a bateria de Ringo evoca um efeito hipnótico, ou “A Day in the Life”, com suas viradas complexas que pintam uma paisagem vívida e quase cinematográfica.
A influência de Ringo pode ser rastreada até os primeiros anos de Phil Collins, batucando ritmos em objetos domésticos antes mesmo de tocar um kit de bateria real. Essa sensação de admiração ao ouvir Ringo, percebendo que as baterias poderiam ser tão essenciais para uma música quanto qualquer riff de guitarra, permaneceu com ele, colorindo seu trabalho tanto no Genesis quanto como artista solo. Ringo tornou o backbeat “legal”, algo a ser ouvido, e não ignorado, uma mudança reveladora para Phil Collins, que passou décadas defendendo a seção rítmica.
Em nítido contraste com o estilo discreto de Ringo, destaca-se Keith Moon, do The Who – um tornado de energia imprudente e criatividade desenfreada. Moon era famoso por suas travessuras caóticas e autodestrutivas, mas para Collins, o verdadeiro gênio de Moon residia em sua abordagem não convencional e transgressora à bateria. Phil Collins descreveu ver Moon tocar ao vivo como assistir a um raio: completamente imprevisível e totalmente hipnotizante.
O estilo de Moon podia ser chamado de errático, até anárquico, mas Collins via um método na loucura. Havia uma inteligência selvagem na bateria de Moon, uma recusa em seguir as regras que Phil Collins sempre achou emocionante. Para Collins, que sempre foi atraído pela ideia da bateria como uma experiência visceral e emocional, a influência de Moon foi libertadora.

Em seguida, temos John Bonham, a força estrondosa do Led Zeppelin, o arquétipo da bateria de rock em si. O estilo de Bonham era uma força física, uma máquina sonora implacável que poucos se atreveram a replicar. Phil Collins se lembra de ver Bonham com uma intensidade quase primal, como se as baterias fossem uma extensão do próprio ser de Bonham.
Conhecido por seu bumbo “pé de ferro”, Bonham trouxe um novo nível de poder ao rock, transformando o kit em uma arma tanto quanto um instrumento. Collins admirava a ferocidade rítmica de Bonham, mas também sua delicadeza. Bonham não era apenas barulhento; era incrivelmente preciso. Sua influência em Collins é clara, especialmente nos primeiros discos do Genesis, onde a bateria de Collins canaliza a mesma pegada muscular. Bonham ensinou que a bateria era mais do que apenas marcar o tempo; era sobre moldá-lo, dobrá-lo para servir à música.
Enquanto Bonham e Moon personificavam a energia bruta do rock, Buddy Rich representava sua técnica refinada, inspirada no jazz. Collins, que cresceu com um ouvido para o jazz de grandes bandas tanto quanto para o rock, via Rich como uma espécie de sumo sacerdote da percussão. As habilidades técnicas de Rich eram tão avançadas que beiravam o sobrenatural. Collins se refere a Rich como “o maior baterista de todos os tempos”, um título que não concede levianamente.
Nem todos os heróis de Collins eram virtuoses ou deuses do rock. Charlie Watts dos Rolling Stones, a âncora silenciosa da máquina indisciplinada dos Stones, ocupa um lugar de reverência discreta. A abordagem de Watts era a antítese do excesso, marcada pela contenção, precisão e uma calma quase zen. Collins e Watts desenvolveram uma amizade, e Collins admirava a forma como Watts trazia sutileza ao rock, uma característica rara em um gênero construído sobre a pompa. A bateria de Watts não é sobre os holofotes; é sobre apoiar a música, deixando-a respirar.
O Legado Contínuo: Da Família aos Palcos Mundiais
A história de Nick Collins, filho de Phil, que assumiu as baquetas à medida que a saúde de seu pai se deteriorava, é um testemunho da continuidade. Nick, embora mal tivesse vinte anos, aceitou o desafio com maturidade surpreendente. Ver seu filho subir ao palco, disse Collins, foi uma experiência agridoce. Marcou o fim de uma era e o início de outra para Phil.
A capacidade de Nick de capturar a essência da bateria de seu pai foi tanto um conforto quanto uma fonte de imenso orgulho, provando que o amor pela bateria, e talvez um pouco daquele som lendário do Phil Collins baterista, estava em seu sangue. Collins também confiou a bateria do Genesis ao talentoso Chester Thompson quando assumiu os vocais principais. O background jazz de Thompson e sua experiência com as complexas composições de Frank Zappa o tornaram um ajuste natural para o som progressivo do Genesis. Collins lembra a conexão imediata, um vínculo quase telepático que permitiu a Thompson se encaixar como se sempre estivesse ali.
Finalmente, chegamos a Steve Gadd, um mestre da fusão jazz-rock e uma lenda de estúdio, que trouxe sofisticação a cada batida. Collins frequentemente elogiou a bateria de Gadd em “Aja” de Steely Dan, maravilhando-se com a complexidade das viradas e o swing sem esforço que ele trouxe para a faixa. O estilo de Gadd ensinou a Collins a importância do groove, de fazer a bateria “ganhar vida”.
Para Phil Collins, esses bateristas não são apenas músicos; são contadores de histórias, visionários, cada um trazendo algo insubstituível para o mundo do ritmo. Eles o ensinaram que a bateria era mais do que uma habilidade; era uma forma de arte, uma linguagem própria. O próprio estilo de Collins é uma mistura dessas influências – uma fusão única do poder do rock, da complexidade do jazz e de um impulso implacável por inovação. E embora tenha alcançado fama além do que a maioria dos bateristas poderia imaginar, ele permanece, em sua essência, um Phil Collins baterista com profundo amor e respeito pela arte, eternamente grato às lendas que estabeleceram a batida antes dele.







