Para todo músico que se apresenta ao vivo, saber como montar o setlist perfeito é uma arte que pode definir o sucesso de uma noite. Não se trata apenas de escolher suas músicas favoritas, mas sim de criar uma jornada musical que ressoe com o público e o ambiente do show. Este guia oferece dicas valiosas para aprimorar sua estratégia de setlist, transformando cada performance em uma experiência memorável.
Muitas das sugestões aqui são amplamente aceitas, mas algumas podem ir um pouco contra a corrente tradicional. O objetivo é fornecer uma visão abrangente para músicos em qualquer estágio de sua carreira, desde iniciantes até os mais experientes. Prepare-se para aprender a criar setlists que cativam e engajam sua audiência do começo ao fim.
A Arte de Ler o Ambiente do Show
A primeira e talvez a mais crucial dica é: escreva seu setlist no local do show. Pode parecer desorganizado para músicos habituados a um planejamento rigoroso, mas a verdade é que o ambiente de um show é dinâmico. Um setlist preparado em casa, em um contexto totalmente diferente, pode se mostrar ineficaz ao chegar no local.
Chegue cedo, com tempo suficiente para montar seu equipamento e, então, observe. Sinta a atmosfera do local, o tipo de público presente, a energia do ambiente. Com essa percepção, você poderá criar um setlist que realmente se encaixe na ocasião, evitando mudanças de última hora que consomem tempo e energia.
Em seguida, é fundamental sentir a vibe do público e do ambiente. Se você está em um restaurante onde todos desfrutam de uma refeição tranquila, não é o momento de tocar rock pesado em volume máximo. O ideal é escolher músicas que complementem a refeição e não sejam intrusivas. Por outro lado, se o local está animado, com pessoas dançando, é a chance de usar suas músicas mais enérgicas e contagiar a pista.
A capacidade de adaptação em tempo real é um diferencial. Houve uma ocasião em que um músico, antes de se apresentar, estava tocando baladas lentas em uma noite de sexta-feira com o público animado e buscando diversão. Ao assumir o palco, o artista soube mudar o clima instantaneamente com músicas de festa e sucessos para cantar junto, e o público reagiu com entusiasmo. Tocar músicas calmas não é um problema, desde que sejam apropriadas para o momento.
Outra dica importante é reagir em tempo real. Imagine que você chegou, avaliou a sala e criou um setlist perfeito, mas, de repente, o público muda drasticamente. Um grupo de idosos se retira e uma festa de despedida de solteira de jovens adultas entra. Você deve estar pronto para adaptar seu setlist na hora. Não se apegue ao planejamento inicial. Tenha seu repertório visível, talvez em um tablet ou papel, para poder ajustá-lo enquanto toca, garantindo que a música continue a ressoar com quem está presente.
Curadoria Musical e Conexão com a Audiência
Para manter a energia elevada, mantenha a energia contagiante. Na maioria dos casos, especialmente em noites de fim de semana, as pessoas saem para se divertir. Isso não significa tocar apenas músicas intensas, mas sim criar uma atmosfera feliz e agradável. Mesmo canções mais lentas podem ser alegres e otimistas. Por exemplo, um guitarrista pode optar por um estilo fingerstyle, que é mais suave, mas ainda assim feliz e cativante. Evite músicas tristes e depressivas, pois elas podem afetar negativamente o humor do público.
É crucial considerar a faixa etária do público. Se a maioria for composta por pessoas mais velhas, é provável que prefiram clássicos e músicas de sua época. Embora muitos da geração mais antiga apreciem músicas modernas, o ideal é focar no que a maioria gosta. Músicos em início de carreira podem ter um repertório limitado, mas devem trabalhar para construir uma biblioteca diversificada de músicas antigas e novas, capaz de agradar a qualquer multidão.
Uma tática infalível é investir em músicas atemporais. Não se trata apenas de canções antigas, mas sim de sucessos que transcendem gerações e são amplamente conhecidos por todos. Músicas como “Sweet Caroline”, “Valerie”, “Stand by Me”, “Brown Eyed Girl”, “Country Roads” e “Mr. Brightside” são exemplos perfeitos. Elas garantem que a maioria das pessoas no local, independentemente da idade, possa cantar junto e se conectar com a apresentação. Construir um repertório com esses “hinos” é uma aposta segura para envolver a audiência.
Por fim, esteja aberto a pedidos, mas com cautela. Se você tem um vasto repertório e já se apresenta há anos, aceitar pedidos pode ser uma ótima maneira de cativar o público, mostrando flexibilidade e consideração. No entanto, se o repertório é limitado, essa pode não ser a melhor estratégia, pois você pode se sentir despreparado. Além disso, seja seletivo: um pedido pode ser uma balada triste que quebra o ritmo da noite. Escolha pedidos que complementem a vibe que você está construindo, mantendo a energia positiva.
O Impacto do Primeiro e Último Acorde
A última, mas não menos importante, dica é escolher sabiamente as músicas para o setlist, de abertura e encerramento. A primeira impressão é vital. A música de abertura é a chance de conquistar o público, incentivando-os a ficar e descobrir o que mais você tem a oferecer. Ela deve ser conhecida, animada e estabelecer um tom excelente para o resto da noite. Naturalmente, é impossível agradar a todos, mas um começo forte é crucial.
A música de encerramento, embora não tão decisiva quanto a primeira, é o seu grand finale. Ela deve deixar o público com uma sensação boa, comentando sobre a performance e o quanto se divertiram. Opte por uma canção que termine a noite com um “estrondo” — um grande sucesso para cantar junto que todos conheçam e possam celebrar. Terminar com chave de ouro garante que sua apresentação seja lembrada positivamente.
Aplicar essas dicas o ajudará a montar o setlist perfeito para qualquer ocasião, transformando cada show em uma experiência musical autêntica e inesquecível. Com preparação, adaptação e um toque de intuição, você estará pronto para brilhar no palco.