AC/DC e a Raiz do Rock: Como Chuck Berry Moldou o Som da Locomotiva
AC/DC e a Raiz do Rock: Como Chuck Berry Moldou o Som da Locomotiva

AC/DC e a Raiz do Rock: Como Chuck Berry Moldou o Som da Locomotiva

Imagine um dia onde tudo dá errado: o banco bate à porta, o casamento desmorona, o carro é levado. Mas, ao cair da noite, você está em um show do AC/DC. De repente, as preocupações se esvaem. É essa a magia inegável da banda australiana, um poder de cura sonoro que poucos conseguem replicar, transformando o caos em catarse.

Os próprios membros do AC/DC admitem: eles fazem música para adolescentes ou para aqueles que buscam reviver, ainda que por um breve momento, a euforia dos dias de glória. E sim, eles fizeram o “mesmo álbum” infinitamente, mas com uma maestria que transformou essa repetição em uma fórmula de sucesso estrondoso e um espetáculo de entretenimento eletrizante.

Contudo, a simplicidade visceral e a pura diversão que definem o rock ‘n’ roll nem sempre foram o cerne da música. Antes que o AC/DC pudesse incendiar estádios com suas guitarras potentes e vocais rasgados, um pioneiro desbravou o caminho. Ele apresentou ao mundo a proposta revolucionária de uma música feita para divertir: Chuck Berry, o artista que, nas palavras de Angus Young, deu mais “presentes” ao mundo do que qualquer outro.

AC/DC: A Locomotiva do Rock e Suas Raízes Profundas

A essência do AC/DC reside na capacidade de transformar a vida cotidiana em uma celebração ruidosa. Hinos de pura energia, riffs que grudam e letras de liberdade e rebeldia. Uma descarga de adrenalina que une jovens e adultos em um único grito de rock ‘n’ roll.

Mas voltemos no tempo, aos dias de Chuck Berry. Naquela época, a música tinha um propósito diferente. Longe de “diversão e emoção”, ela frequentemente carregava um tom mais reverente, como na música clássica, ou uma mensagem séria no blues.

AC/DC e a Raiz do Rock: Como Chuck Berry Moldou o Som da Locomotiva

O blues, em particular, era a voz das experiências difíceis. Sua função foi ilustrada por Lightnin’ Hopkins: “se não consegue falar, então cante”. Canções primitivas denunciavam as agruras das plantações, um lamento codificado em melodia.

Com o tempo e a liberdade, uma expressão mais empoderada surgiu. Nesse cenário, Chuck Berry entrou em cena, misturando gêneros numa blitzkrieg de showmanship. Seu objetivo primordial? Entreter acima de tudo.

Chuck Berry: O Arquiteto Original do Rock ‘n’ Roll

Na visão de Angus Young, essa inovação consagrou Berry como o primeiro e verdadeiro astro do rock ‘n’ roll. Em 2000, o guitarrista do AC/DC descreveu Berry como o artista que mais “presentes” deu ao mundo. “Ele reuniu blues, country, folk e um pouco de jazz”, calculou Young, “juntou tudo no que chamamos de rock ‘n’ roll.”

Young via Berry como a cabeça da árvore genealógica da qual bandas como os “Highway to Hell” brotaram. “Ele começou daquela pequena fonte e muitas pessoas beberam dela. Você teve The Beatles, The Beach Boys, The Stones e isso continuou”, ele supôs. Uma vasta inspiração.

Hoje, pode parecer arbitrário que Young remonte tudo a Berry. Mas Angus Young sustenta que outros progenitores não estavam “tão completos” quanto ele. “Acho que ele provavelmente foi o que mais inspirou, até mesmo Presley e Little Richard”, afirmando que seus pares “beliscavam” seu estilo singular.

O Pacote Completo: Talento, Show e Legado Duradouro

A genialidade de Chuck Berry residia na sua capacidade de cobrir todas as bases. “Além de ser um talentoso compositor, ele é um grande letrista, um grande instrumentista e um grande artista”, disse Young. “Todos esses elementos em um único homem. É um talento puro e uma inspiração.”

Elvis Presley tinha voz e presença eletrizantes, mas não compunha. Little Richard trouxe ferocidade e novidade, mas sem o apelo e refinamento de Berry. Chuck Berry era o pacote completo, misturando tudo em uma força musical da qual outros podiam escolher suas vertentes — e o AC/DC escolheu a essência de tudo.

Às vezes, damos essa fusão de gêneros como algo natural. Mas basta olhar para o cinema, onde os gêneros se mantêm em suas trilhas, para entender quão revolucionário Berry foi. Ele criou um espetáculo, um elemento que certamente impressionou Angus Young.

Não demorou muito para que Angus Young executasse o famoso “duckwalk” em homenagem ao seu herói. Com seus 157 cm, o agachar-se mostrou-se um pouco mais fácil para os joelhos de Young, tornando a homenagem ainda mais pessoal e icônica.

Da próxima vez que imergir nos riffs estrondosos do AC/DC, lembre-se da linhagem. Por trás da locomotiva imparável do rock, há uma fonte primordial: Chuck Berry. Ele não só lançou as bases, mas injetou a alma do espetáculo. Um legado que o AC/DC honra e amplifica, provando que o rock pode ser simples, direto e incrivelmente libertador.

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