A história dos Bee Gees, marcada por melodias inesquecíveis e harmonias únicas, tem sido objeto de fascínio para fãs em todo o mundo. Enquanto o foco muitas vezes recai sobre a brilhante carreira do trio, a complexidade de suas vidas pessoais e a dinâmica entre os irmãos Gibb permanecem um campo fértil para exploração. Este artigo se aprofunda na jornada de Barry Gibb, o último membro vivo, revelando os triunfos e as tribulações que moldaram sua existência.
A Ascensão e os Desafios dos Bee Gees
Barry, Robin e Maurice Gibb iniciaram sua trajetória musical ainda na infância, apresentando-se na televisão australiana. Aos 14 anos de Barry e 10 dos gêmeos, já mostravam um talento promissor. Na década de 1960, consolidaram-se como um grupo pop de sucesso com hits como ‘To Love Somebody’, ‘Massachusetts’ e ‘Words’.
Contudo, a fama trouxe consigo turbulências internas que culminaram em uma separação em 1969, evento detalhado no documentário ‘The Bee Gees: How Can You Mend a Broken Heart’. O retorno ocorreu no ano seguinte, mas a luta por reconhecimento marcou a primeira metade da década de 70. Em 1975, os Bee Gees encontraram um novo lar musical em Miami e, com ele, um lugar de destaque na era disco.
A ressurreição da carreira atingiu seu ápice com a trilha sonora de ‘Saturday Night Fever’, de 1977. Este álbum, um dos mais vendidos de todos os tempos, catapultou o grupo ao estrelato absoluto. Embora continuassem a produzir sucessos nos anos 80, o declínio rápido da música disco e os interesses individuais dos irmãos sinalizaram o fim de uma era gloriosa para os Bee Gees.
Barry Gibb: Amor, Família e as Marcas da Fama
Após as mortes de Maurice em 2003 e Robin em 2012, Barry Gibb tornou-se o único sobrevivente do trio. Aos 76 anos, ele mantém sua residência em Miami e continua ativo na música, compondo e realizando performances. Em janeiro de 2021, lançou seu álbum mais recente, ‘Greenfields’, mostrando sua contínua paixão pela arte.
A vida pessoal de Barry também é marcada por uma notável estabilidade conjugal. Seu casamento com Linda Gray, que já dura 52 anos, é um feito raro no mundo do entretenimento. Eles se conheceram em 1967, nos bastidores do programa britânico ‘Top of the Pops’, onde Linda era apresentadora e Barry sentiu uma conexão instantânea.
Antes de Linda, Barry foi casado brevemente com Maureen Bates em 1966, mas a união durou pouco, terminando em divórcio em 1970. Em 1º de setembro de 1970, no dia do 24º aniversário de Barry, ele e Linda foram morar juntos, iniciando uma vida em comum que geraria uma bela família.
Três anos após o casamento, em 1973, nasceu seu primeiro filho, Stephen Thavius Crompton Gibb, que seguiu os passos musicais do pai. Stephen tocou piano na infância e, na adolescência, dedicou-se à guitarra, atuando em bandas de hard rock e metal. Ashley Robert Crompton Gibb, o segundo filho, nasceu em 1977, também buscando uma carreira na música.
Travis Gibb chegou em 1981, e Michael Gibb em 1984, nomeado em homenagem ao ícone Michael Jackson, seu padrinho e amigo próximo de Barry. A única filha, Alexandra Gibb, nasceu em 1991. Hoje, Barry Gibb e Linda são avós de sete netos, celebrando uma vida repleta de conquistas familiares e profissionais.
O Preço da Fama e o Legado de Barry Gibb
Apesar da família exemplar e da carreira brilhante, a vida de Barry Gibb não foi isenta de desafios. Em 2018, ao receber uma honraria do Príncipe Charles, sua dificuldade em se levantar revelou uma longa batalha contra a artrite, condição que afeta suas mãos e causa dores intensas, agravadas por cirurgias na coluna.
As provações dos irmãos Gibb se estenderam ao vício: Maurice lutou contra o alcoolismo, Robin contra anfetaminas, e o caçula, Andy, sucumbiu à cocaína aos 30 anos. Barry credita à sua esposa, Linda, o fato de ter se mantido longe das drogas, que eram comuns na época do ‘flower power’ e no ambiente musical.
A dinâmica entre os irmãos também foi complexa. A fama, segundo Barry Gibb, trouxe sucesso, mas também a capacidade de destruir. Houve períodos de grande desentendimento, especialmente após o sucesso inicial na década de 1960, com disputas sobre quem deveria ser o vocalista principal.
Robin chegou a buscar uma carreira solo, gerando um período de tensão e comunicação indireta através de Maurice, que se viu no meio dos conflitos por 18 meses. A reunião em 1975, impulsionada pela música soul e funk, os levou à era disco, mas a morte de Maurice em 2003 intensificou a distância entre Barry e Robin.
A dor da perda foi profunda para Barry, que se sentia isolado sem seus irmãos. Ele lamenta não ter conseguido se reconciliar plenamente antes das mortes de Maurice e Andy, e a distância com Robin nos últimos cinco anos de vida do irmão. A mágoa por não ter tido a chance de um adeus genuíno ainda o assombra.
Como o irmão mais velho, Barry sentia-se protetor e responsável, cuidando de pagamentos e garantindo que todos estivessem prontos para o palco. Ele reconhece a competição radical por popularidade e holofotes que existia entre eles na juventude, uma característica comum em muitos grupos.
Em seu coração, Barry Gibb anseia por uma única chance de ter seus irmãos de volta, disposto a sacrificar a música, a fama e o estilo de vida. A memória deles permanece viva, e ele continuamente se pergunta o que Maurice, Robin e Andy pensariam. Sua missão agora é assegurar que a música dos Bee Gees perdure para sempre, independentemente de sua própria presença.







