A noite de 22 de outubro de 2025 ficará marcada na história da música e da dança. No retorno do aclamado “Black Sabbath – The Ballet” ao Sadler’s Wells, em Londres, o público foi agraciado com uma presença surpresa e eletrizante: Tony Iommi, o lendário guitarrista do Black Sabbath, subiu ao palco.
Tony Iommi fez uma aparição inesquecível, tocando o solo de guitarra da música de encerramento da produção, “Paranoid”. A performance surpreendeu a todos e adicionou uma camada extra de emoção a um espetáculo já considerado revolucionário, unindo o peso do heavy metal com a elegância do balé clássico.
Entre os presentes, estava o guitarrista do Queen, Brian May, que não poupou elogios. Em suas redes sociais, May compartilhou vídeos da aparição de Tony Iommi, acompanhados da mensagem: “Uau! O verdadeiro Pai do Heavy Metal fazendo aquele belo machado cantar como um pássaro esta noite no Sadlers Wells. Tony Iommi mais uma orquestra de 40 músicos e um elenco de 50 dançarinos – colocando a cereja no bolo de uma grande produção de Black Sabbath The Ballet. Orgulhoso de chamar este gênio infinitamente modesto e generoso de meu amigo.”
O Metal Encontra o Balé: Uma Fusão Inesperada
A ideia de um balé inspirado no Black Sabbath parecia improvável para muitos, inclusive para Tony Iommi. Ele revelou que sua primeira reação foi de incredulidade. No entanto, o diretor do Birmingham Royal Ballet, Carlos Acosta, cultivava essa ideia desde sua chegada a Birmingham em 2020. A paixão e a visão de Acosta foram cruciais para convencer o guitarrista.
“Eu não podia acreditar no início, mas quando nos reunimos, o entusiasmo em Carlos era incrível”, disse Iommi. “Quando Carlos nos apresentou, me ensinou sobre isso, ele tinha a mesma vibração que eu tinha quando montava músicas e aquela empolgação de fazê-lo. Ele sabia que tinha uma visão do que deveria ser, e isso me deu confiança.”
O balé, que teve uma temporada de estreia esgotada em 2023, voltou com datas em Birmingham, Manchester, Plymouth e Londres, antes de uma estreia escocesa em Edimburgo. A produção de 2025 incorpora novas entrevistas em áudio com membros da banda, vozes como a de Sharon Osbourne e fãs de todo o mundo. O design de som também foi revisado e aprimorado para uma experiência ainda mais intensa.
A Visão e o Impacto de “Black Sabbath – The Ballet”
Para Acosta, o sucesso do balé em 2023 foi um marco. “Ficamos impressionados com o sucesso incrível de ‘Black Sabbath – The Ballet’, esgotando todas as apresentações com aplausos de pé e trazendo para o teatro públicos que nunca haviam experimentado a dança ao vivo antes”, afirmou. Ele vê o balé como uma oportunidade de “multiplicar nosso alcance” e de mostrar às pessoas o mundo da dança além dos clássicos como “O Lago dos Cisnes”.
Tony Iommi enfatizou o espírito inovador da banda: “Black Sabbath sempre foi inovador e nunca previsível, e não há nada mais imprevisível do que isso! Foi incrível ver o que Carlos e a equipe do Birmingham Royal Ballet fizeram em 2023 – dando vida à nossa música de uma forma que eu nunca pensei ser possível!”
Um aspecto comovente da jornada de Tony Iommi com o balé é seu desejo de que seu amigo e colega de banda, Ozzy Osbourne, pudesse ter visto a produção. “Significa tudo, e é uma pena em muitos aspectos [Ozzy] não ter visto o balé porque ele queria vê-lo”, disse Tony. “São nossas vidas e nossa música.”
A esposa e empresária de Ozzy, Sharon Osbourne, também elogiou a ousadia da iniciativa, chamando-a de “tão inesperada, tão fora do comum… brilhante.” Sua aprovação sublinha a singularidade do projeto.
Clássicos do Rock Ganham Nova Orquestração
O compositor Christopher Austin foi o responsável pela reimaginação clássica das icônicas canções do Black Sabbath. Trabalhando em estreita colaboração com Tony Iommi, Austin criou orquestrações completas das faixas lendárias, além de novas obras orquestrais inspiradas na música da banda, todas executadas ao vivo pela Royal Ballet Sinfonia. Oito clássicos do Black Sabbath foram transformados: “Paranoid”, “Iron Man”, “War Pigs”, “Black Sabbath”, “Solitude”, “Orchid”, “Laguna Sunrise” e “Sabbath Bloody Sabbath”.
“Para a equipe musical, criar a trilha sonora para este extraordinário balé tem sido uma jornada emocionante, e tudo começou com o presente mais incrível de Tony: sua confiança em nós para honrar a música da banda e seu encorajamento para seguir nossos próprios novos caminhos com aquelas canções icônicas”, declarou Austin. A “gloriosa irregularidade” e a flexibilidade de tempo da música do Black Sabbath foram aspectos que encantaram o compositor.
Ele destacou os vocais iniciais de Ozzy, “estratosféricos”, superando Pavarotti em notas altas e poder. A relevância atemporal de canções como “War Pigs”, com sua mensagem de protesto, também foi sublinhada por Carlos Acosta, que a considera ainda muito atual diante dos conflitos globais.
A produção é uma comissão do “Ballet Now” e foi desenvolvida por um elenco internacional de talentos, incluindo o coreógrafo sueco Pontus Lidburg e o designer cubano Alexandre Arrechea. A curadora de metal, Lisa Meyer, garantiu a autenticidade da fusão.
A presença de Tony Iommi no palco, junto com outros nomes ilustres como Geezer Butler, Robert Plant (Led Zeppelin) e Bev Bevan (ELO), na noite de estreia em Londres, solidificou o evento como um marco cultural. É a prova de que a arte não tem limites e que a criatividade pode unir mundos aparentemente opostos, criando algo verdadeiramente único e impactante.
Tony Iommi expressou sua esperança de que o “Black Sabbath – The Ballet” inspire tanto fãs de heavy metal a se tornarem fãs de balé quanto o contrário. “É uma combinação estranha, mas você tem que se arriscar. E, você sabe, espero que possamos reunir todos”, disse ele. Essa produção é um testemunho da capacidade da música de transcender gêneros e alcançar novos públicos, celebrando o legado do Black Sabbath de uma maneira inovadora e espetacular.






