James Hetfield e Chris Cornell: A Influência de Soundgarden no Metallica
James Hetfield e Chris Cornell: A Influência de Soundgarden no Metallica

James Hetfield e Chris Cornell: A Influência de Soundgarden no Metallica

No início dos anos 90, o cenário do rock foi abalado pela ascensão do Grunge, que trouxe a música de volta às suas raízes. Muitas bandas de Heavy Metal enfrentaram dificuldades, perdendo visibilidade e vendas. Contudo, o Metallica, liderado por James Hetfield, mostrou sua capacidade de adaptação e evolução. Em 1991, lançaram seu álbum homônimo, conhecido como “Black Album”, que se tornou um fenômeno de vendas e um marco em sua carreira.

Ao longo de sua trajetória, Hetfield teve a oportunidade de interagir com diversos músicos e bandas daquela nova cena, compartilhando suas opiniões. Entre esses artistas, destacam-se o Soundgarden e seu falecido vocalista, Chris Cornell, por quem James Hetfield nutria uma profunda admiração. Essa relação de respeito mútuo e influência é um capítulo fascinante na história do rock.

James Hetfield: Admirador Incondicional de Chris Cornell e Soundgarden

James Hetfield sempre foi um grande fã do Soundgarden e de Chris Cornell. Em 2008, quando a revista Rolling Stone pediu a ele que listasse os maiores cantores de todos os tempos, James Hetfield colocou Cornell em quarto lugar. Uma posição impressionante, à frente de ícones como Johnny Cash, Freddie Mercury, Steven Tyler, Robert Plant, Ozzy Osbourne e Bon Scott. Apenas Rob Halford, Layne Staley e Ronnie James Dio foram classificados acima de Cornell, demonstrando a reverência de James Hetfield pelo talento do vocalista.

O Soundgarden foi uma grande inspiração para o Metallica durante a criação do “Black Album”. Em 2021, Kirk Hammett revelou à Classic Rock que o riff de guitarra de “Enter Sandman” foi diretamente inspirado pela banda grunge. “Eu tinha passado o dia todo ouvindo Soundgarden. Eles eram uma banda que eu e James amávamos. Eu estava apenas tentando capturar aquela sensação. Aquele riff surgiu do nada”, explicou Hammett, sublinhando a conexão musical.

James Hetfield acredita que as músicas do Soundgarden se destacavam por causa de Chris Cornell e da abordagem vocal única. “O que aprendemos sobre uma maneira diferente de compor do Soundgarden foi: você toca um riff por toda a música e o cantor simplesmente vai para todos os lugares, e para isso funcionar, você realmente precisa ter um cantor muito bom como Chris (Cornell)”, disse James Hetfield em entrevista à Q Prime e MX2 Media em 2025.

James Hetfield e Chris Cornell: A Influência de Soundgarden no Metallica

Essa nova perspectiva se refletiu em algumas composições do Metallica. James Hetfield mencionou que “King Nothing”, do álbum *Load*, lançado após o “Black Album”, faz sentido nesse contexto. “Foi uma das primeiras logo depois do Black Album, porque foi uma referência a ‘Sandman’”, afirmou. Além de “King Nothing”, a faixa “Until It Sleeps”, também do *Load*, foi comparada ao estilo do Soundgarden.

Uma demo inicial de “Until It Sleeps”, gravada em 1995, recebeu o título provisório de “F.O.B.D.” (uma brincadeira com “Fell on Black Days”, do Soundgarden) porque a banda sentiu que havia semelhanças. Ambos os clássicos compartilham a mesma assinatura de tempo em certos pontos. No CD exclusivo para o fã-clube do Metallica, *Fan Can #1*, é possível ouvir a banda mencionando a música do Soundgarden antes de tocar uma parte de sua própria faixa, um testemunho claro da influência.

A Trágica Perda e o Legado de Chris Cornell

A morte trágica de Chris Cornell em 2017, aos 52 anos, abalou o mundo da música. Na época, o Metallica prestou uma homenagem emocionante ao músico durante um show ao vivo. James Hetfield disse: “Nós te perdoamos, Chris”, após a banda tocar a canção “Unforgiven”. James e Lars Ulrich também estiveram presentes no funeral de Cornell, um sinal de profundo respeito e amizade.

Em entrevista à WAAF Boston em 2017, Hetfield falou sobre o falecimento de Cornell, destacando a importância de se conectar com as pessoas ao seu redor. “Isso nos faz abraçar aqueles que estão perto de você, com certeza. Companheiros de banda, família que está aqui, família em casa. Faz você perceber que existe uma escuridão que qualquer um pode encontrar e sentir que está preso nela.”

Ele continuou: “Conheço a profundidade da minha escuridão às vezes. É difícil, quando você está nesse espaço, sequer conceber que há alguém ali que pode te ajudar ou que já passou por isso antes. Às vezes você está em uma perda tão grande.” James Hetfield encerrou sua reflexão com um apelo: “Não consigo obviamente explicar o que ele estava passando. Mas nós temos nossa escuridão. Então, conversem uns com os outros, deixem uns aos outros saberem como estão. É uma história triste. Há muitas histórias tristes recentemente. Especialmente no mundo do Grunge.”

Chris Cornell: A Visão Única sobre o Metallica

O reconhecimento não era unilateral; todos os membros do Soundgarden admiravam o Metallica. Em 2013, Chris Cornell surpreendeu ao interpretar a música “One”. Ele usou a melodia da canção homônima do U2, mas com a letra da faixa do Metallica. Antes de iniciar a performance no Santander Arts Center em Reading, PA, ele explicou a peculiaridade:

“Às vezes tento músicas e elas não soam tão bem. Então eu procurei as letras no Google porque não as sabia. Eu apenas digitei ‘One lyrics’, cliquei na primeira coisa que apareceu e lá estava. Mas não eram as letras do U2, porque aparentemente a música mais procurada no Google chamada ‘One’ é de uma banda chamada Metallica. (…) Então, quando as letras apareceram, pensei: ‘Bem, droga, isso soa como eles’. Eu descobri e é assim que soa”, narrou Chris Cornell, mostrando seu lado bem-humorado e sua curiosidade musical.

Desde o início de sua carreira, Cornell acreditava que o Metallica era diferente de outras bandas de Heavy Metal devido às suas influências diversificadas. “Eu não gosto necessariamente da maioria da música que eu consideraria do mesmo gênero do Soundgarden”, ofereceu Cornell. “A maioria dessas bandas de metal dos anos 80, tipo Metallica – você ouve os discos deles e percebe que tudo o que eles ouvem são outras bandas de metal.”

Ele prosseguiu, diferenciando o Metallica: “É a mesma coisa nas entrevistas: ‘Sim, Deicide ainda é demais’. Mas então você lê uma entrevista com James Hetfield. Ele diz que seu guitarrista favorito é o cara do Butthole Surfers, e é ‘Ok. Sim, faz sentido.’ É por isso que o Metallica tem alguma profundidade; eles olham ao redor”, disse Chris Cornell à revista Musician em 1994, elogiando a abertura artística da banda.

Ao longo de suas carreiras, Metallica e Soundgarden frequentemente dividiram o mesmo palco em festivais ao redor do mundo, presenciando as performances um do outro. Eles também foram rivais em prêmios importantes. Em 1991, por exemplo, o Metallica levou o Grammy na categoria Melhor Performance de Metal pelo “Black Album”, superando o “Badmotorfinger” do Soundgarden, além de álbuns de Megadeth, Anthrax e Motörhead. A competição era acirrada, mas a admiração mútua permaneceu intacta, consolidando um legado de respeito e inspiração entre essas duas gigantes do rock.

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