Ah, o solo de guitarra! Para muitos fãs de rock, é o ápice da canção, aquele momento de brilho que eleva uma melodia a um patamar lendário. É a demonstração máxima de técnica, paixão e criatividade, capaz de ficar eternamente gravado em nossa memória.
No entanto, nem sempre o solo é um acerto absoluto. Por vezes, em raras ocasiões, mesmo em canções que já são obras-primas, o solo de guitarra pode não acrescentar muito, ou pior, pode até soar deslocado e comprometer a experiência auditiva. É uma afirmação forte, eu sei, e admito que se trata de uma opinião bastante pessoal.
Este post explora justamente essa ideia. Apresento aqui três exemplos de solos que, para mim, não se encaixam perfeitamente em suas respectivas músicas, e que talvez até as prejudiquem um pouco. Lembre-se, o mundo da música é subjetivo, e o que para um é um erro, para outro pode ser um golpe de gênio!
Nem Todo Brilho É Ouro: Solos que Dividem Opiniões
É importante ressaltar que a intenção aqui não é desmerecer o talento inquestionável dos artistas envolvidos. Pelo contrário, todos são verdadeiros virtuosos em seus instrumentos. A questão é a harmonia, o encaixe do solo no contexto da música como um todo. Quando uma canção já é forte e coesa, a adição de um solo deve ser cirúrgica, pensada para aprimorar, não para competir ou destoar.
Muitas vezes, a pressão para incluir um solo “épico” pode levar a escolhas que, retrospectivamente, não foram as mais acertadas. E como ouvintes, temos o direito de expressar nossas percepções, mesmo que elas sejam um tanto quanto impopulares. Prepare-se, pois minhas escolhas podem levantar algumas sobrancelhas!
O Dissonante e o Afogado: The Police e Oasis
Começamos com uma banda que admiro profundamente, em parte pelo gênio de Stewart Copeland na bateria. Sou um fã devoto do The Police, e “Driven To Tears” é uma música fantástica. Contudo, o solo de guitarra de Andy Summers nesta faixa sempre me deixou com uma pulga atrás da orelha.
É um solo com uma pegada jazzística, explorando uma direção mais abstrata, o que em si não é um problema. Mas, para mim, Andy Summers “foi longe demais”. O timbre parece um pouco fora do lugar, e a proposta abstrata acaba colidindo com a energia da canção, em vez de complementá-la. Tenho a sensação de que o solo tenta ser algo que a música não pedia, criando um atrito que me incomoda. Tenho certeza que não sou o único a sentir isso.
Em seguida, temos um verdadeiro hino do britpop: “Champagne Supernova” do Oasis. Esta é uma daquelas músicas incontestáveis, uma verdadeira joia. E é por isso que o solo de guitarra me frustra tanto. A banda teve a brilhante ideia de convidar o incrivelmente talentoso Paul Weller para tocar na faixa. Noel Gallagher e Weller dividem o solo da ponte, prometendo uma colaboração lendária.
O potencial para algo épico estava ali, palpável. No entanto, a execução na mixagem final é, para dizer o mínimo, decepcionante. Você mal consegue ouvir Weller! O próprio guitarrista expressou sua frustração com a mixagem no passado. Qual a lógica de trazer um virtuose como Paul Weller e depois “enterrá-lo” na mixagem? Parece um talento desperdiçado, e o solo, apesar da intenção, perde grande parte de seu impacto por causa dessa falha técnica.
A Exceção dos Fab Four: “Honey Don’t” dos Beatles
Chegar aos Beatles e criticar um solo de guitarra é quase um sacrilégio, eu sei. Geralmente, os solos dos Fab Four eram concisos, intensos e perfeitamente adequados às músicas. George Harrison, o “Quiet Beatle”, era um guitarrista extraordinário, capaz de criar melodias e texturas memoráveis.
Mas “Honey Don’t” é uma das raras exceções. O solo de George Harrison nesta música simplesmente não “funciona” para mim. Quase soa como se ele estivesse entediado, ou, o que é mais provável, que não estivesse totalmente confiante no que havia escrito. Há uma falta de brilho e inspiração que é atípica para ele.
Considerando o período em que a música foi lançada, é possível especular que a banda estivesse no auge da exaustão pela frenética Beatlemania. Essa sobrecarga pode ter levado a momentos de menor inspiração. Embora a música seja divertida, o solo é um ponto fraco que destoa da genialidade habitual de Harrison.
Minha lista de “solos desnecessários” é, como disse no início, totalmente uma questão de gosto pessoal. Tenho certeza de que muitos amam esses solos e suas músicas, e eu entendo perfeitamente o porquê! Meu objetivo é apenas iniciar uma discussão sobre como, às vezes, menos é mais, ou como a intenção nem sempre se traduz perfeitamente na execução.
Qual a sua opinião? Você concorda com alguma dessas escolhas? Há algum solo em um clássico do rock que você considera desnecessário ou que, de alguma forma, não se encaixa na música? Compartilhe seus pensamentos nos comentários!







