Metallica - Black Sabbath
Metallica - Black Sabbath

O Legado Imortal de Black Sabbath: Como Moldou o Heavy Metal e Inspirou o Metallica

No universo do rock, poucas bandas ostentam um título tão imponente quanto o Black Sabbath. Eles não apenas tocaram música; eles forjaram um gênero. Sua influência é tão profunda que, em qualquer dia, o heavy metal poderia ser subtitulado como “música derivada de Black Sabbath”. Essa é uma verdade ressoante que reverberou através das gerações, chegando até os gigantes do Metallica, que têm uma história rica e pessoal de admiração e conexão com a lendária banda de Birmingham.

Imagine um garoto de nove anos, por fora quieto e bem-comportado, mas por dentro, fervilhando. Para ele, o Black Sabbath era mais do que música; era um som poderoso, alto e pesado que movia sua alma. Ele era atraído por eles como um ímã ao metal. Aqueles riffs monstruosos viviam dentro dele e expressavam sentimentos que jamais conseguiria transformar em palavras. As letras sombrias, os acordes fora da lei — tudo isso ajudou a quebrar a casca em que estava preso. Sem o som desafiador do Black Sabbath, como um amigo e colega de banda um dia disse, “não haveria Metallica, especialmente com um James Hetfield”.

Uma Jornada ao Lado do Príncipe das Trevas

A relação do Metallica com o Black Sabbath e seu carismático vocalista, Ozzy Osbourne, é uma tapeçaria rica em admiração, respeito e, claro, algumas histórias hilárias. O Metallica teve a honra de abrir para Ozzy na turnê “Ultimate Sin” em 1986, uma verdadeira introdução às grandes ligas para a banda de thrash metal. Era a primeira vez que conquistavam a América e um público maior ao lado de um de seus maiores heróis.

Estar na estrada com Ozzy era, em suas próprias palavras, “muito bom, muito divertido, as coisas estavam indo muito bem.” A convivência ia além dos palcos; em noites de folga, era comum se encontrarem em bares locais. Mas a proximidade com o “Príncipe das Trevas” rendeu momentos inesquecíveis. Há histórias que viraram lendas, como a noite no estúdio onde ouviram um rosnado inglês e viram as botas de cowboy de Ozzy balançando no corredor. Ele havia abordado a namorada do baixista e mordido sua bota. “Este é meu herói, abordando mulheres, mordendo suas botas de cowboy,” pensou um jovem membro do Metallica na época. “Que rock and roll é isso?”

Outra memória vívida é a de tentar convencer Ozzy a cantar em uma de suas músicas. Uma semana depois de fazerem o pedido, Ozzy irrompeu na sala de controle perguntando pela música. Ele acabou cantando o refrão de uma faixa chamada “Therapy”. O vocalista do Black Sabbath costumava invadir o estúdio do Metallica, pedir para ouvir a música, e então começava uma rotina de dança peculiar, exclamando: “Essa é a música que quero tocar!” Mas também perguntava: “Vocês têm drogas? Vocês têm cerveja? Vocês têm pílulas? Vocês têm cocaína?” E diante das negativas, ele declarava: “Cara, vocês são chatos!”

Metallica - Black Sabbath

Durante os soundchecks, o Metallica adorava tocar músicas do Black Sabbath, como “Hole in the Sky” ou “Symptom of the Universe”, esperando que Ozzy subisse ao palco para cantar com eles. Era um sonho. Enquanto a banda tentava atrair seu herói do camarim, Ozzy, segundo seu lado da história, pensava que estavam zombando dele. Era uma brincadeira de fãs transformados em colegas de turnê, que apenas queriam compartilhar o palco com a lenda que os inspirou.

Black Sabbath: A Semente Sombria que Gerou o Heavy Metal

A descoberta de Black Sabbath foi, para muitos, um rito de passagem. Picture um garoto de 15 ou 16 anos acampando no escuro total, com apenas uma fogueira. Alguém coloca “Paranoid”, e ouvir “War Pigs” naquela atmosfera é o cenário perfeito. “Fiquei com medo”, lembrou um dos membros do Metallica, “e eu amei. Eu amava, porque eu gostava de horror. Eu gostava de ficar com medo”. Era uma experiência que moldava o ouvinte, introduzindo-o a um mundo de escuridão e intensidade que outros gêneros não ofereciam.

Em 1979, ouvir “Sweet Leaf” fez o tempo parar. Era inacreditável o que estava sendo ouvido. A música e a mentalidade se tornavam uma só. Compartilhando um quarto com o irmão mais velho e sua coleção de discos, a primeira audição do álbum de estreia do Black Sabbath foi um mergulho sem volta. Nada se comparava àquela sonoridade. Ouvir a faixa “Black Sabbath”, com sua introdução chuvosa e sombria, olhando para a capa do álbum, era uma experiência imersiva e aterrorizante. Para muitos, era como assistir ao primeiro filme de terror ou ter a primeira experiência de horror. A influência de Black Sabbath é um capítulo crucial na história do heavy metal no Brasil e no mundo.

O Culto aos Riffs Monstruosos e Letras Profundas

A magia do Black Sabbath reside nos seus riffs monolíticos e letras que exploravam temas sombrios e existencialistas. Eles deram voz a sentimentos que muitos jovens não conseguiam expressar, quebrando as barreiras da conformidade e oferecendo um refúgio para as almas inquietas. Sem seu som desafiador, a paisagem musical do heavy metal seria irreconhecível.

Eles não só criaram o som; eles criaram a estética. A gravidade de suas músicas era um convite para explorar o lado mais sombrio da psique humana, uma jornada sonora que ressoava profundamente com aqueles que se sentiam à margem. A capacidade do Black Sabbath de evocar tanto medo quanto adoração em seus ouvintes cimentou seu lugar como pioneiros inquestionáveis.

Induzindo Lendas: Uma Honra e Um Privilégio

A relação entre o Metallica e o Black Sabbath transcendeu a mera admiração, culminando em um dos momentos mais significativos na história do rock. O Metallica teve a honra de introduzir a banda de Birmingham no Rock and Roll Hall of Fame, um testemunho do profundo amor e apreciação que sentem por seus heróis. “Nosso caminho com eles é preenchido com amor e apreciação”, declararam, sentindo-se “humildes e gratos por fazer parte disso”. Essa honra demonstra a interconexão do universo musical, onde o que você ouve hoje foi forjado pelo que veio antes. Para mais sobre como bandas influenciam umas às outras, confira nosso artigo sobre equipamentos de gravação musical.

A conexão profunda se manifestava em cada encontro. Em uma ocasião, Ozzy pediu para um membro do Metallica sentar no braço de seu trono no palco, “tipo na primeira fila”, para um abraço emocionante. Era uma demonstração da amizade e do respeito mútuo que se desenvolveram ao longo dos anos, uma prova de que, para o Metallica, o Black Sabbath eram mais do que apenas colegas de profissão; eram família.

O Adeus Épico: Uma Performance Inesquecível

O clímax dessa saga de admiração e legado veio com o que muitos consideravam um possível adeus aos palcos para o Black Sabbath. Havia uma apreensão palpável entre músicos e fãs antes daquela apresentação final. Todos esperavam o melhor, queriam que fosse um “grand slam”, mas havia incerteza sobre a condição da banda.

Então, eles começaram a tocar “War Pigs”. Instantaneamente, para todos os que assistiam, ficou claro: “Vai ficar tudo bem. Eles soam ótimos, se não melhores do que nunca.” E quando Ozzy entrou cantando, a plateia soube: “Eles vão detonar!” Foi uma performance triunfante que solidificou o legado do Black Sabbath, um concerto que o próprio Ozzy havia sonhado em realizar desde antes da pandemia. Foi, talvez, um peso tirado de seus ombros, a realização de um desejo profundo, permitindo que ele se desprendesse daquele objetivo. Ninguém imaginou que seria a última vez que veriam Ozzy Osbourne nos palcos em uma turnê grandiosa, mas o impacto daquela noite perdura, marcando um capítulo poderoso e inesquecível na história do rock. O legado do Black Sabbath é verdadeiramente imortal, e sua música continua a ressoar, inspirando novas gerações e moldando o futuro do heavy metal.

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