Os Rolling Stones são uma das bandas mais bem-sucedidas da história da música, com Mick Jagger, Keith Richards e os demais membros sendo verdadeiros ícones do rock. Suas músicas e histórias de vida moldaram o estereótipo do rock star hedonista. Contudo, nem tudo na trajetória da banda é digno de celebração.
Ao longo das décadas, os Rolling Stones exploraram limites de maneira que muitas vezes causaram controvérsia. Embora seus excessos tenham fascinado gerações, algumas de suas músicas trouxeram à tona temas problemáticos que geram debates até hoje. Abaixo, exploramos 5 das canções mais polêmicas da banda.
1. “Stray Cat Blues”
Esta música, presente no álbum Beggars Banquet (1968), é frequentemente considerada a mais controversa da banda. A letra descreve, do ponto de vista de um homem mais velho, o desejo por uma jovem de 15 anos. Trechos como:
“I can see that you’re fifteen years old / No, I don’t want your I.D…”
(“Eu vejo que você tem 15 anos / Não, eu não quero seu documento de identidade…”)
revelam uma romantização de relações ilegais e moralmente condenáveis.
A polêmica aumentou quando Mick Jagger, durante um show em 1970, alterou a letra para mencionar uma garota de 13 anos. Embora a banda tenha deixado de tocar a música em 1971, ela ressurgiu brevemente em turnês nos anos 2000.
2. “Hey Negrita”
Lançada no álbum Black and Blue (1976), “Hey Negrita” é outra canção que gerou desconforto. Apesar do termo “Negrita” ser usado em alguns países latinos como expressão de carinho, o contexto da música e as associações com estereótipos raciais fizeram a música soar insensível.
Mick Jagger chegou a explicar que a música retrata um homem pobre negociando com uma prostituta sul-americana, mas isso não diminuiu as críticas. Trechos como:
“One last dollar / I’ll cut your balls and I’ll tan your hide”
(“Um último dólar / Vou cortar suas bolas e bater em você”)
reforçam o tom controverso e desconfortável.
3. “Little T&A”
No álbum Tattoo You (1981), “Little T&A” é outra canção que alimenta críticas sobre a objetificação feminina, especialmente em relação às jovens. Composta e interpretada por Keith Richards, a música celebra o estereótipo das groupies como objetos de desejo sexual.
Trechos como:
“She’s my little rock ‘n’ roll / My tits and ass with soul, baby”
(“Ela é meu pequeno rock ‘n’ roll / Meus peitos e bunda com alma, baby”)
reforçam a ideia de que essas mulheres são reduzidas a atributos físicos.
4. “Some Girls”
Lançada no álbum de mesmo nome em 1978, “Some Girls” tenta ser uma sátira sobre racismo e sexismo, segundo Jagger. No entanto, letras como:
“Black girls just wanna get fucked all night”
(“Garotas negras só querem transar a noite toda”)
e
“Chinese girls are so gentle / They’re really such a tease”
(“Garotas chinesas são tão gentis / Elas realmente são provocantes”)
perpetuam estereótipos racistas e sexistas. Não é surpresa que a música tenha sido alvo de críticas de grupos feministas e de direitos civis, incluindo o famoso ativista Jesse Jackson, que a chamou de um “insulto racial”.
5. “I Go Wild”
Parte do álbum Voodoo Lounge (1994), “I Go Wild” trouxe à tona novamente as críticas à banda por suas letras ofensivas às mulheres. Já em seus 40 anos, os Rolling Stones continuaram usando estereótipos depreciativos sobre as mulheres.
Trechos como:
“From femme fatales and dirty bitches / And daylight drabs and night time witches”
(“Das femme fatales e vadias sujas / Das moças do dia e bruxas da noite”)
mostram como a banda insistiu em letras que soam ofensivas e ultrapassadas, mesmo décadas após suas primeiras polêmicas.
Reflexão Final
Embora os Rolling Stones sejam considerados uma das maiores bandas da história, suas composições frequentemente refletem os valores problemáticos de sua época. Muitas dessas músicas são lembradas não apenas pelo contexto musical, mas também pelas críticas que geraram ao abordar temas sensíveis de maneira controversa.
Essas canções servem como lembretes de que a arte reflete a cultura de seu tempo – com seus avanços e, infelizmente, seus preconceitos. Ao revisitá-las, é essencial promover uma reflexão sobre como a música pode impactar a sociedade.