Nascida em 9 de agosto de 1963, em uma família de classe média, Whitney Houston estava destinada a transcender as barreiras da música. Ela não era apenas uma cantora; era “A Voz”, um fenômeno global que em 2009 seria listada pelo Guinness World Records como a artista feminina mais premiada de todos os tempos.
Sua jornada foi marcada por uma mistura de glória incomparável e batalhas pessoais intensas. Whitney era um ícone, uma celebridade de grande porte, cuja vida era constantemente perscrutada. Apesar dos desafios, sua carreira como artista, atriz, produtora e modelo deixou uma marca indelével na cultura pop.
A Voz Que Marcou Gerações: Infância e Ascensão
Whitney Elizabeth Houston veio ao mundo em Newark, Nova Jersey. Era a segunda filha de John Russell Houston Jr. e da aclamada cantora gospel Cissy Houston. Ela cresceu em um lar profundamente musical, com figuras como sua prima Dionne Warwick, sua madrinha Darlene Love e a ‘tia honorária’ Aretha Franklin, todas vozes influentes em sua vida.
A igreja foi seu primeiro palco. Desde cedo, Whitney Houston cantava no coral, e sua mãe, Cissy, foi sua maior inspiração e mentora. Há relatos de que ela praticava em piscinas vazias para aproveitar a acústica. Apesar de uma insegurança inicial, foi o empurrão de sua mãe que a levou para o próximo nível.
Com apenas 11 anos, Whitney já se destacava como solista no coral da Igreja Batista New Hope, onde também aprendeu a tocar piano. Essas experiências precoces na música gospel formaram a base de sua poderosa presença de palco e de sua habilidade vocal única.
Ainda na adolescência, Whitney Houston começou a fazer backing vocals para artistas como Michael Zager e Chaka Khan. Sua beleza e carisma não passaram despercebidos. Durante uma apresentação com sua mãe no Carnegie Hall, ela foi notada por um fotógrafo e, em pouco tempo, estava nas passarelas.
Nos anos 80, Whitney Houston se tornou uma das primeiras modelos afro-americanas a estrelar a capa da revista “Seventeen”, além de trabalhar para “Glamour” e “Cosmopolitan”. Mesmo com o sucesso na moda, seu coração pertencia à música. Ela recusou vários contratos de gravação na escola, pois sua mãe queria que ela concluísse os estudos e tivesse uma infância plena.
Em 1983, a vida de Whitney mudou para sempre quando Gary Griffith, da Arista Records, a viu se apresentar em um clube de Nova York. Ele ficou tão impressionado que convenceu o lendário produtor Clive Davis a assisti-la. Davis, um verdadeiro caça-talentos, ficou “totalmente chocado” com a voz e a paixão de Whitney, oferecendo-lhe um contrato de gravação global que ela prontamente assinou.
Clive Davis se dedicou a lapidar cada detalhe do álbum de estreia de Whitney Houston. Antes do lançamento, ela gravou um dueto com Teddy Pendergrass, “Hold Me”, que se tornou um hit no Top 5 de R&B, dando-lhe um primeiro gostinho do sucesso comercial.
Em fevereiro de 1985, o álbum autointitulado “Whitney Houston” foi lançado. Inicialmente, teve uma recepção comercial modesta, mas o boca a boca e o incrível talento de Whitney fizeram com que o disco explodisse. A revista Rolling Stone a aclamou como “uma das vozes novas mais emocionantes em anos”.
O álbum alcançou o topo da Billboard 200, onde permaneceu por 14 semanas, e gerou três singles que chegaram ao número um nos EUA: “Saving All My Love for You”, “How Will I Know” e “Greatest Love of All”. Com isso, Whitney Houston se tornou a primeira artista feminina a ter um álbum de estreia com três singles número um.
De Ícone Musical a Estrela de Cinema: O Legado Multifacetado
O sucesso de Whitney continuou imparável com seu segundo álbum, “Whitney”, lançado em junho de 1987. Este disco quebrou recordes ao estrear em primeiro lugar nas paradas dos EUA e do Reino Unido, um feito inédito para uma artista feminina na época.
O álbum entregou hits globais como “I Wanna Dance with Somebody (Who Loves Me)”, “Didn’t We Almost Have It All”, “So Emotional” e “Where Do Broken Hearts Go”. Juntos, esses singles deram a Whitney Houston sete hits consecutivos em primeiro lugar, quebrando o recorde de seis que era compartilhado pelos Beatles e Bee Gees.
Além de sua carreira estrondosa, Whitney Houston era uma voz ativa em causas sociais. Ela apoiou publicamente Nelson Mandela e o movimento anti-apartheid, recusando-se a colaborar com empresas que mantinham negócios com a África do Sul segregacionista. Seu show em Wembley para o 70º aniversário de Mandela arrecadou mais de US$ 1 milhão para a causa.
Em 1990, Whitney Houston lançou “I’m Your Baby Tonight”, um álbum que explorava uma sonoridade mais urbana e contava com colaborações de L.A. Reid, Babyface e Stevie Wonder. Apesar das críticas mistas à sua nova direção, o álbum foi um sucesso, atingindo o Top 3 da Billboard e gerando mais hits número um.
Whitney e o Cinema: Sucessos e Desafios
A década de 90 também marcou a bem-sucedida incursão de Whitney no cinema. Em 1992, ela estrelou o filme “O Guarda-Costas” ao lado de Kevin Costner. Apesar das controvérsias iniciais sobre o relacionamento inter-racial retratado, o filme foi um sucesso colossal de bilheteria, arrecadando mais de US$ 410 milhões mundialmente.
A trilha sonora de “O Guarda-Costas” se tornou um dos álbuns mais vendidos de todos os tempos, impulsionada pela icônica canção “I Will Always Love You”. A versão de Whitney Houston da composição de Dolly Parton passou 14 semanas no topo da Billboard Hot 100, tornando-se sua marca registrada e o single mais vendido por uma artista feminina na história da RIAA.
Whitney seguiu sua carreira cinematográfica com “Falando de Amor” (Waiting to Exhale) em 1995 e “Um Anjo em Minha Vida” (The Preacher’s Wife) em 1996, este último ao lado de Denzel Washington. Por “Um Anjo em Minha Vida”, ela recebeu os melhores elogios de sua carreira como atriz e se tornou a atriz afro-americana mais bem paga da indústria, com um cachê de US$ 10 milhões.
O Preço da Fama e um Legado Imortal
Em meio à sua ascensão meteórica, a vida pessoal de Whitney começou a ser intensamente escrutinada. Em 1992, ela se casou com o cantor de R&B Bobby Brown, um relacionamento que, apesar da paixão inicial, rapidamente se tornou público e tumultuado.
Rumores sobre uso de drogas começaram a circular, intensificados por atrasos em compromissos, performances canceladas e uma visível perda de peso. Em 2002, em uma entrevista com Diane Sawyer, Whitney Houston negou o uso de crack, mas admitiu o uso de outras drogas, incluindo cocaína.
O reality show “Being Bobby Brown” em 2005 expôs a disfunção do relacionamento, colocando sua filha, Bobbi Kristina, em uma posição de mediadora. Após anos de controvérsias e conflitos, Whitney e Bobby se divorciaram em 2007.
Em 2009, Whitney lançou “I Look to You”, seu primeiro álbum em sete anos. O disco estreou em primeiro lugar na Billboard 200, mostrando que, apesar de tudo, “A Voz” ainda tinha um lugar especial no coração de milhões de fãs ao redor do mundo.
Apesar de seus esforços para se recuperar, Whitney Houston continuou sua batalha contra o vício. Em 9 de fevereiro de 2012, ela fez sua última apresentação pública. Dois dias depois, em 11 de fevereiro de 2012, aos 48 anos, Whitney foi encontrada morta em sua suíte de hotel em Beverly Hills.
A causa da morte foi afogamento acidental, com doença cardíaca e uso de cocaína como fatores contribuintes. Sua partida chocou o mundo e transformou a cerimônia do Grammy que se aproximava em um emocionado tributo à sua vida e carreira. Clive Davis, seu mentor, proferiu palavras comoventes em sua homenagem.
Whitney Houston deixou uma marca indelével na música e na cultura pop. Sua voz, seu carisma e sua paixão continuam a inspirar gerações. “A Voz” pode ter se silenciado cedo demais, mas seu legado de hits inesquecíveis, performances icônicas e uma presença majestosa persiste, garantindo seu lugar como uma verdadeira lenda imortal.







