A paixão pela música nos envolve de maneiras profundas, mas você já se questionou se tocar um instrumento musical pode ir além do prazer e da expressão artística, tornando você mais inteligente? Essa é uma pergunta que intriga muitos, e a ciência tem algumas respostas fascinantes para compartilhar.
A experiência de interagir com um instrumento é, sem dúvida, maravilhosa. Contudo, ela também pode ser intensamente desafiadora. A prática exige dedicação e muitas vezes resulta em uma sensação de cansaço, tanto físico quanto mental. Essa fadiga é um indicativo do trabalho árduo que nosso corpo e mente realizam, ativando uma gama complexa de sentidos e funções cerebrais simultaneamente.
O Impacto Profundo no Cérebro: Mais Que Habilidade Manual
No momento em que executamos uma peça musical, estamos engajando múltiplos sentidos de forma coordenada. O tato se conecta com o instrumento, a audição monitora cada nota, e a visão interpreta partituras ou o movimento das mãos. É um verdadeiro balé sensorial que acontece em tempo real.
O renomado Dr. Gottfried Schlaug, uma autoridade em neurociência musical, nos convida a inverter a pergunta: qual parte do nosso cérebro não se ativa quando nos dedicamos a um instrumento musical? Essa perspectiva é reveladora. Ele enfatiza que nenhuma outra atividade humana ativa o cérebro tanto quanto tocar um instrumento musical.
Isso ocorre porque a música vai além dos sentidos básicos. Ela também ativa nossa musculatura, coordenando movimentos finos e grossos, e até mesmo as nossas emoções, que são expressas e sentidas através da melodia e harmonia. Imagine: visão, tato, audição, musculatura e emoções, tudo em ação ao mesmo tempo! Essa ativação simultânea e multifacetada é o que os neurocientistas descrevem como “fogos artificiais no cérebro”.
Para entender melhor, pense na realização de uma conta matemática: uma área específica do cérebro se acende. Ao ler um livro, outra área. Praticar exercícios físicos, ainda outra. No entanto, quando tocamos um instrumento musical, essas “luzinhas” se acendem em inúmeras regiões do cérebro de forma coordenada e simultânea, criando um espetáculo de atividade neuronal.
Música Como Treino Corporal Completo e Seus Benefícios Duradouros
A pesquisadora Anita Collins, especialista em desenvolvimento cerebral e aprendizagem musical, explica que esses “fogos artificiais” são resultado do processamento veloz de muitas informações interligadas, mas que atuam em diferentes partes do cérebro. Ela compara a experiência de tocar um instrumento a um “treinamento de corpo inteiro” para o cérebro, o que justifica o cansaço sentido após longas sessões de estudo.
Ao longo dos anos, diversas pesquisas confirmaram que o estudo de um instrumento musical oferece benefícios que transcendem a inteligência. A prática pode auxiliar no desenvolvimento da fala, aprimorar habilidades sociais e contribuir para a alfabetização. Em um plano mais amplo, a música tem se mostrado uma aliada na prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, e é amplamente utilizada em terapias para a recuperação de pacientes que sofreram acidentes cerebrais.
Com toda essa evidência, fica claro que a prática musical é intrinsicamente benéfica para diversas esferas da nossa vida.
Tocar um Instrumento Musical Aumenta o QI? A Ciência Responde!
Mas a grande questão persiste: será que tocar um instrumento musical realmente aumenta nosso Quociente de Inteligência (QI)? A capacidade da música de elevar nosso QI tem sido objeto de estudos aprofundados.
Recentemente, um estudo de seis meses coordenado pela DIY.COM, um dos maiores portais de “faça você mesmo” do mundo, buscou responder a essa pergunta. Durante a pandemia de COVID-19, eles convidaram 4694 pessoas para participar da pesquisa. Inicialmente, o QI dos participantes foi medido. Em seguida, eles foram divididos em grupos, cada um dedicado a uma atividade diferente.
Após seis meses, os pesquisadores mediram novamente o QI dos participantes. O resultado foi surpreendente: o grupo que estava aprendendo um instrumento musical apresentou o maior índice de aumento do QI, com um crescimento médio de notáveis 9.71%. Isso significa que, se antes o QI médio desse grupo era de 103, após a experiência musical ele saltou para 113, lembrando que a média global do QI gira em torno de 100.
Para contextualizar, outras atividades também foram avaliadas: tecer ficou em segundo lugar, com um aumento médio de 9.68%; exercícios físicos geraram um aumento de 7.37%; e a leitura resultou em um crescimento de 7.07%. Claramente, aprender um instrumento musical se destaca como uma das formas mais eficazes de estimular a capacidade cognitiva.
É importante ressaltar que os benefícios de tocar um instrumento musical não se limitam a futuros profissionais. Seja por hobby ou por vocação, os ganhos para o desenvolvimento cerebral são praticamente os mesmos. Além disso, a idade não é um impedimento. Em qualquer fase da vida, iniciar ou retomar a prática musical trará vantagens. Há, inclusive, estudos que sugerem que crianças que aprendem um instrumento, mesmo que por um curto período e depois parem, continuam colhendo os frutos cognitivos na vida adulta.
Em suma, os dados são claros: a música é um caminho rico para o desenvolvimento pessoal. Além de ser uma fonte inesgotável de prazer, ela potencializa o cérebro, aprimora habilidades e, comprovadamente, impulsiona a inteligência. Se você ainda não toca, talvez seja o momento de embarcar nessa jornada melódica e dar um presente valioso ao seu cérebro.






