Morre Lô Borges: O Gênio do Clube da Esquina que Deixou um Legado Eterno
Morre Lô Borges: O Gênio do Clube da Esquina que Deixou um Legado Eterno

Morreu Lô Borges: O Gênio do Clube da Esquina

A música brasileira amanheceu de luto nesta segunda-feira com a triste notícia do falecimento de Lô Borges. O cantor, compositor e mineiro, uma das mentes brilhantes por trás do lendário Clube da Esquina, nos deixou aos 73 anos em Belo Horizonte. Sua partida representa uma perda imensa para a cultura nacional, mas seu legado de melodias e poesias permanecerá eterno.

O artista, nascido em 1952, foi um dos pilares de um dos movimentos musicais mais inventivos e influentes do Brasil. Sua contribuição para a música é inestimável, marcando gerações com canções que transitam entre a doçura e a profundidade, a melancolia e a esperança. Lô Borges personificava a alma do cancioneiro mineiro.

O boletim médico divulgado pelo Hospital Unimed, Unidade Contorno, confirmou o falecimento na noite de 2 de novembro de 2025, às 20h50, em decorrência de uma falência múltipla de órgãos. A notícia, que já era esperada dada a sensibilidade de seu quadro de saúde nos últimos dias, chocou e entristeceu admiradores por todo o país.

O Coração do Clube da Esquina e Seu Impacto

Lô Borges é indissociável do Clube da Esquina, um movimento que transcendeu a música para se tornar um ícone cultural. O álbum homônimo de 1972, concebido ao lado de Milton Nascimento, é uma obra-prima que redefiniu a MPB e influenciou incontáveis artistas. Não se tratava apenas de um disco, mas de uma declaração artística potente.

A história do Clube da Esquina é fascinante. Nasceu quando um jovem Milton Nascimento se mudou para o edifício Levy, em Belo Horizonte, e conheceu os irmãos Márcio, Marilton e o então garoto Lô Borges. Essa convivência inicial, permeada por uma amizade genuína e uma paixão comum pela música, foi o catalisador para a criação de um som único.

Morre Lô Borges: O Gênio do Clube da Esquina que Deixou um Legado Eterno

Eles mesclavam rock, folk e a rica musicalidade brasileira, criando algo que era ao mesmo tempo universal e profundamente enraizado em Minas Gerais. Além de Milton e Lô, nomes como Beto Guedes e Toninho Horta também faziam parte desse círculo de talentos que se reunia para criar, tocar e sonhar.

Um dos símbolos mais famosos do álbum é sua icônica capa, que gerou um mito urbano por anos. A fotografia, clicada por Cafi, mostra dois garotos, um negro e um branco, caminhando por uma estrada. Muitos pensavam que se tratavam de Milton Nascimento e Lô Borges na infância, mas, na verdade, eram outros dois meninos que, pela semelhança e a beleza da imagem, se tornaram a representação visual de um disco revolucionário.

A Trajetória Solo e a Essência de um Gênio

Após o sucesso do Clube da Esquina, Lô Borges seguiu uma brilhante carreira solo, consolidando seu nome como um dos grandes compositores e intérpretes brasileiros. Seu talento para criar melodias cativantes e letras introspectivas era inegável, fazendo dele um artista “fora da curva”, como muitos o descreviam.

Sua influência se estende por diversas gerações de músicos. Samuel Rosa, vocalista do Skank, é um exemplo notável, sempre citando Lô Borges como seu maior ídolo e uma inspiração fundamental para sua própria obra. Isso demonstra o alcance e a profundidade do impacto que as criações de Lô tiveram no cenário musical.

As composições de Lô Borges não se limitaram apenas à sua voz. Suas músicas foram interpretadas por tantos outros artistas, em Minas Gerais e além, tornando-se parte do imaginário coletivo brasileiro. Ele tinha a rara capacidade de tocar a alma com a simplicidade e a complexidade de suas harmonias.

A Despedida de um Ícone

O estado de saúde de Lô Borges vinha sendo acompanhado com atenção nos últimos dias. Ele estava internado desde 17 de outubro de 2025, e a condição se agravou, levando-o à UTI. Boletins médicos anteriores já indicavam um quadro sensível, com a necessidade de traqueostomia e ventilação mecânica.

A família e os fãs mantinham a esperança, mas a batalha foi árdua. A notícia de seu falecimento, embora esperada para aqueles que acompanhavam o desenrolar de seu quadro, não diminuiu o peso da perda. É um momento de assimilar a mudança do tempo verbal, de “existe” para “existia”, pelo menos no plano físico.

Contudo, a verdadeira essência de Lô Borges, sua música e sua arte, continua a existir, vibrando em cada acorde, em cada verso de suas canções. Ele será lembrado não apenas como um dos fundadores do Clube da Esquina, mas como um gigante que moldou a musicalidade brasileira e influenciou tudo o que ouvimos hoje, das rádios aos serviços de streaming.

A finitude da vida é uma certeza, mas a eternidade da arte é um consolo. Lô Borges partiu, mas sua obra permanece, um farol de criatividade e sensibilidade para sempre aceso no panteão da música brasileira.

Compartilhe nas redes sociais​

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Artigos Recentes

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso portal.