AC/DC e Oasis: A Polêmica dos Fogos de Artifício em Shows ao Vivo
AC/DC e Oasis: A Polêmica dos Fogos de Artifício em Shows ao Vivo

AC/DC e Oasis: A Polêmica dos Fogos de Artifício em Shows ao Vivo

Imagine a energia de um show de rock, a plateia em êxtase, e a grand finale com um espetáculo de fogos de artifício que ilumina o céu noturno. Parece a fórmula perfeita para uma noite inesquecível, não é? No entanto, em Edimburgo, Escócia, essa mesma fórmula se tornou o centro de uma grande polêmica após shows de bandas lendárias como AC/DC e Oasis.

O que deveria ser uma celebração da música acabou gerando um debate intenso sobre o impacto dos eventos de grande porte na comunidade local e na fauna. Com os olhos já voltados para o planejamento de eventos futuros, incluindo a possibilidade de shows grandiosos em 2025, as autoridades locais estão repensando a permissão para o uso de pirotecnia.

Ruído e Revolta: A Noite que Agitou Edimburgo

No coração da controvérsia estão os shows de verão do AC/DC e do Oasis no renomado estádio Murrayfield. O tão aguardado retorno do AC/DC à Escócia em uma década, que marcou o final de sua turnê europeia ‘Power Up’ em agosto, foi um evento massivo. A banda australiana, com raízes escocesas através de seus membros fundadores Bon Scott, Angus e Malcolm Young, encerrou sua turnê com uma explosão de energia – e de fogos de artifício.

Apesar da empolgação, a celebração veio com um custo inesperado. O Conselho da Cidade de Edimburgo recebeu oito reclamações oficiais de moradores locais após o show do AC/DC. Os problemas não começaram apenas durante o concerto, mas já durante os soundchecks no dia anterior, 21 de agosto. A polícia ambiental confirmou que os “níveis de ruído permitidos foram excedidos” durante o evento.

Não foi um incidente isolado. Três concertos esgotados do Oasis no mesmo estádio, no início do mês de agosto, também atraíram queixas semelhantes. Ambos os eventos contaram com a utilização de fogos de artifício, que, segundo os oficiais, são percebidos como mais perturbadores para a comunidade em geral do que a própria música alta. Uma pessoa em Inverleith chegou a reclamar que as luzes de sua casa diminuíram devido ao consumo excessivo de energia no estádio.

AC/DC e Oasis: A Polêmica dos Fogos de Artifício em Shows ao Vivo

Os Ecos Além do Palco: Moradores e Fauna Abalados

A onda de reclamações levou o Conselho da Cidade de Edimburgo a tomar uma posição. Um porta-voz do conselho declarou que, a partir de agora, eles recomendarão que fogos de artifício não sejam utilizados em futuros eventos no estádio. Os conselheiros concordaram que a questão deveria ser encaminhada à junta de licenciamento para reconsiderar a permissão para fogos de artifício em Murrayfield.

A tensão entre as bandas e o conselho não é novidade. Liam Gallagher, vocalista do Oasis, já havia descrito o Conselho da Cidade de Edimburgo como “um bando de cobras” depois que um relatório da autoridade local sugeriu que os fãs da banda seriam “barulhentos” e “intoxicados”. Essa declaração sublinha uma relação já fraturada, agora ainda mais tensionada pela questão do ruído e da pirotecnia.

O debate sobre fogos de artifício vai muito além dos concertos. O Conselho de Edimburgo já havia anunciado a proibição de fogos em nove áreas da cidade em torno de 5 de novembro (Bonfire Night), em resposta a um comportamento antissocial constante em anos anteriores. Essa proibição foi apoiada por grupos comunitários e instituições de bem-estar animal.

Relatos chocantes vieram à tona: dois pandas-vermelhos no Zoológico de Edimburgo morreram no início de novembro de 2024. Especialistas veterinários afirmaram que a causa direta foi o ruído dos fogos de artifício. Roxie, de apenas três meses, engasgou com o próprio vômito na Bonfire Night, cinco dias após a morte inesperada de sua mãe, Ginger – ambas em momentos de intensa pirotecnia na cidade.

Ben Supple, vice-diretor executivo da Royal Zoological Society of Scotland (RZSS), manifestou apoio às medidas do conselho para reduzir o ruído. “Fogos de artifício em qualquer época do ano podem ser alarmantes para animais em zoológicos, bem como para animais de estimação, cavalos, gado e vida selvagem”, disse ele, reforçando a necessidade de uma abordagem mais consciente.

Repensando o Espetáculo: O Futuro dos Grandes Eventos

A polêmica em torno dos shows do AC/DC e Oasis serve como um catalisador para uma discussão mais ampla sobre como grandes eventos podem coexistir harmoniosamente com a vida urbana e a natureza. As autoridades de Edimburgo afirmam que, embora recomendem a não utilização de fogos, as licenças para todos os eventos serão consideradas “com base em seus próprios méritos” e levando em conta o parecer dos oficiais.

A busca por alternativas está ganhando força. Ben Supple da RZSS sugeriu que “esperançosamente veremos mais eventos usando drones e outras tecnologias para exibições de luz, o que garantirá que as pessoas ainda possam desfrutar de uma ótima experiência sem impactar o bem-estar animal”. Essa visão aponta para um futuro onde a tecnologia pode proporcionar o mesmo deslumbramento visual sem os efeitos colaterais negativos do ruído e da poluição.

À medida que a indústria de eventos se prepara para 2025 e além, a experiência de Edimburgo ressalta a importância de equilibrar a grandiosidade do espetáculo com a responsabilidade social e ambiental. Garantir que a música possa ser celebrada sem prejudicar a paz da comunidade e a vida dos animais é um desafio que exige criatividade e compromisso de todos os envolvidos.

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