Na vibrante década de 1980, poucas bandas conseguiram capturar a imaginação global com uma combinação tão única de melodia e inovação visual quanto o trio norueguês A-ha. Nascidos das terras gélidas da Noruega, o vocalista Morten Harket, o tecladista Magne Furuholmen e o guitarrista Pål Waaktaar-Savoy demonstraram ao mundo que possuíam o talento necessário para dominar as paradas musicais globais. A grande virada para o trio veio em 1985 com o sucesso estrondoso de “Take On Me”, uma canção que transcenderia o tempo e se tornaria um ícone cultural.
As Raízes Norueguesas e a Formação de um Ícone
A história do A-ha começou a se desenhar no início dos anos 1970, nas ruas de Manglerud, Oslo. Dois vizinhos, Magne Furuholmen e Pål Waaktaar-Savoy, iniciaram sua exploração musical, inspirados por backgrounds familiares. Começaram com instrumentos simples e, à medida que cresciam, migraram para guitarras e sintetizadores. Na adolescência, formaram bandas, como a notável Bridges, que explorava o rock dos anos 60 e 70, e até lançaram um álbum independente em 1980.
Enquanto isso, Morten Harket, em Asker, também estava imerso na música desde jovem, formando suas próprias bandas. O encontro entre Magne e Morten aconteceu em um evento beneficente. Quando os Bridges se dissolveram, Magne e Pål decidiram tentar a sorte em Londres, atraídos pelo movimento new wave.
Após meses de insucesso, retornaram à Noruega e Magne convidou Morten para se juntar a eles. Em 1982, o trio começou a compor no interior da Noruega, focando no synthpop e criando melodias memoráveis como as que se tornariam “Take On Me”. Foi nesse período que Morten sugeriu o nome A-ha.
Embora a Noruega fosse vista como um “deserto cultural” para a música pop, o trio levou suas demos a Londres. Após rejeições, encontraram apoio em John Ratcliff e Terry Slater, garantindo um contrato com a Warner Brothers Records, apesar das condições de vida precárias na cidade.
“Take On Me”: A Revolução Visual e o Estrelato Global
Em junho de 1984, o A-ha começou a gravar seu álbum de estreia, “Hunting High and Low”. A primeira versão de “Take On Me”, lançada no final de 1984, passou despercebida, levando a Warner Brothers a exigir uma nova abordagem. A canção foi regravada na primavera de 1985 com o produtor Alan Tarney.
O verdadeiro ponto de virada veio com a decisão de focar nos Estados Unidos e a escolha do produtor Steve Barron para dirigir um novo videoclipe. Barron utilizou a inovadora técnica de rotoscopia, combinando animação com filmagem de ação real. O curta-metragem, com sua animação em preto e branco, foi revolucionário e catapultou a banda ao estrelato.
Em outubro de 1985, “Take On Me” disparou para o topo da Billboard Hot 100 nos Estados Unidos e alcançou o segundo lugar no Reino Unido, além de conquistar o primeiro lugar em outros 13 países. O álbum de estreia, “Hunting High and Low”, foi aclamado, com Pål se consolidando como o principal compositor.
O álbum atingiu o segundo lugar no Reino Unido e o 15º nos EUA. O single seguinte, “The Sun Always Shines on T.V.”, se tornou o primeiro e único single do grupo a alcançar o número um nas paradas do Reino Unido. O videoclipe de “Take On Me” conquistou seis prêmios no MTV Video Music Awards de 1986, confirmando o A-ha como uma força dominante na cena musical internacional. A primeira turnê mundial do A-ha, iniciada em 1986, cobriu 25 países, consolidando o desejo de “querer o mundo, e querer agora”, como Magne resumiu.
Conflitos, Recomeços e o Legado Duradouro do A-ha
Apesar do sucesso, a jornada do A-ha foi marcada por turbulências internas. Questões de distribuição de royalties e créditos de composição, com Pål sendo o principal compositor, geraram atritos. O documentário “A-ha – The Movie” (2021) revelou essas disputas, com Magne enfatizando que sua conexão musical era inegável, mesmo sem serem “melhores amigos”. As tensões chegaram a afetar a saúde de Magne Furuholmen, que foi hospitalizado em 1999 devido a fibrilação atrial, atribuindo o problema ao estresse da banda.
Em 1991, após a coletânea “Headlines and Deadlines – The Hits of A-ha”, as atividades da banda desaceleraram. Os membros seguiram caminhos solo: Morten em sua carreira, Pål com sua banda Savoy, e Magne como artista visual e compositor. A canção “Shapes That Go Together” para os Jogos Paraolímpicos de 1994 marcou uma pausa de seis anos nas gravações.
No entanto, o trio se reuniu em dezembro de 1998 para o concerto do Prêmio Nobel da Paz. A empolgação inspirou o retorno do A-ha, reacendendo a chama criativa, resultando no álbum “Minor Earth Major Sky” (2000), um sucesso na Noruega e Alemanha. Seguiram-se “Lifelines” (2002) e “Analogue” (2005). Em 2009, o A-ha anunciou uma turnê de despedida, culminando em 2010.
Apesar do anúncio, o vínculo musical permaneceu forte, levando a reuniões em 2011, 2015 (Rock in Rio e álbum “Cast in Steel”), um álbum acústico MTV Unplugged (2017) e o álbum “True North” (2022). É evidente que o A-ha nunca se separará de verdade.
Com vendas de álbuns globais superando 100 milhões de cópias, o A-ha é, sem dúvida, o grupo musical mais bem-sucedido da Noruega. O impacto do seu sucesso redefiniu a indústria musical do país. “Take On Me”, sua canção mais famosa, alcançou uma audiência global massiva, e o videoclipe, com mais de um bilhão de visualizações no YouTube, é considerado um dos mais icônicos de todos os tempos, solidificando o legado duradouro do A-ha na cultura pop global. A influência do A-ha permanece inabalável.







