Quando pensamos no rock ‘n’ roll dos anos 70, é quase impossível não evocar a imagem de um caos de bastidores, festas noturnas intermináveis e performances energizadas por quantidades exorbitantes de drogas e álcool. Esta década estabeleceu o padrão para o que muitos consideravam ser o estilo de vida definitivo de uma estrela do rock. A longevidade de alguns artistas em festivais recentes, como vimos no Rock in Rio 2024, mostra o contraste com o estilo de vida daquela época.
Os músicos que idolatrávamos não eram celebrados apenas por seu talento e virtuosismo inesquecíveis. Eles eram, muitas vezes, figuras lendárias pela sua capacidade de levar os limites da indulgência ao extremo. Havia uma mitologia profundamente enraizada em torno de artistas que pareciam viver pelo lema atemporal: viva rápido, morra jovem.
De fato, as estrelas do rock daquela época tornaram-se tão notórias por seus estilos de vida autodestrutivos quanto eram reverenciadas por sua música. O excesso era visto como parte inerente da criatividade, um motor para a arte que desafiava as convenções sociais.
O Contraponto Sóbrio na Década do Excesso
No entanto, por trás dessa narrativa familiar e dominante, existiu um grupo de músicos menos comentado, que rejeitou completamente a cultura da época, fortemente impulsionada por substâncias. Estes artistas fizeram uma escolha consciente de se abster, enquanto outros simplesmente nunca encontraram apelo no uso de drogas e bebidas.
Às vezes, sua sobriedade era mal mencionada; em outros momentos, era um tema bastante discutido. Independentemente de sua abordagem pessoal, a abstinência moldou sua ética de trabalho, influenciou a maneira como lidaram com a fama e, em muitos casos, contribuiu para carreiras que duraram muito mais do que as de muitos de seus colegas.
Essas histórias servem como um poderoso lembrete de que nem todo capítulo do rock dos anos 70 foi escrito sob o efeito de alguma substância. Enquanto o excesso da era domina nossas memórias da época, havia músicos que alcançaram feitos notáveis e influenciaram gerações, tudo isso sem sucumbir aos vícios esperados.
Seus caminhos oferecem uma lente diferente sobre uma década muitas vezes caracterizada mais pelo seu estilo de vida implacável do que pela sua música pura. A seguir, destacamos cinco ícones do rock dos anos 70 que nunca beberam álcool nem usaram drogas recreativas.
1 – Gene Simmons (KISS)
O baixista e empresário do KISS é um dos casos mais famosos de sobriedade no rock. Embora o KISS fosse sinônimo de festas e hedonismo nos bastidores, Simmons sempre manteve distância de vícios. Ele atribui sua escolha a uma promessa feita à sua mãe, sobrevivente do Holocausto, e ao seu desejo de manter o foco total nos negócios e na música.

Gene Simmons é frequentemente citado como “straight edge” antes mesmo de o movimento se popularizar. Sua dedicação inabalável ao trabalho e à imagem da banda é um testamento de como a sobriedade pode ser uma vantagem competitiva na indústria musical.
2 – Ted Nugent
O guitarrista conhecido por seu estilo agressivo e suas opiniões polêmicas é, ironicamente, um dos defensores mais ferrenhos da vida limpa. Ted Nugent é vocal sobre sua aversão a drogas e álcool, afirmando que sempre considerou essas substâncias um obstáculo para o desempenho e a clareza mental.
Sua energia incessante no palco e sua longevidade na carreira desafiam a ideia de que o rock precisa de estimulantes para ser selvagem. Nugent prova que o rock pesado pode ser puramente alimentado por paixão e adrenalina natural.
3 – Frank Zappa
Embora seu visual fosse frequentemente associado à contracultura e ao experimentalismo, Frank Zappa era notoriamente anti-drogas. Ele desprezava o uso recreativo de substâncias, vendo-o como uma distração para a composição séria e o foco artístico. Zappa fumava tabaco (e muito), mas evitava álcool e outras drogas ilícitas.

Ele demitia músicos de sua banda se descobrisse que estavam usando drogas, exigindo um nível de profissionalismo e disciplina que era raro nos anos 70. Sua imensa discografia e sua complexidade musical são a prova de que a genialidade não requer alteração de consciência.
4 – Angus Young (AC/DC)
O guitarrista principal do AC/DC, famoso por seu uniforme escolar e sua hiperatividade no palco, é outro exemplo de sobriedade no coração do hard rock. Enquanto seus colegas de banda, como Bon Scott e, posteriormente, Brian Johnson, tinham reputações variadas, Young se concentrava inteiramente na música. Se o AC/DC fosse definido apenas pelo estilo de vida de todos os seus membros, essa história seria muito diferente.

Ele é frequentemente descrito por aqueles que trabalharam com o AC/DC como um workaholic disciplinado. A energia elétrica que ele emana durante um show é o resultado de uma dedicação intensa ao seu ofício, e não de qualquer substância externa.
5 – Alice Cooper
Apesar de seu show de terror cênico — que envolvia guilhotinas, cobras e maquiagem gótica — Alice Cooper manteve uma postura relativamente limpa durante os anos 70, em contraste com a sua imagem selvagem. Embora ele tenha tido lutas com o álcool posteriormente, ele começou sua carreira em grande parte focado na performance e no conceito.

Sua persona chocante e teatral provou que a extravagância no rock era uma escolha artística, e não um subproduto do abuso de substâncias. A clareza para planejar a complexa performance de shock rock exigia uma mente sóbria e altamente organizada, destacando a diferença entre arte e vida pessoal.
O Legado da Disciplina
A existência dessas estrelas sóbrias nos anos 70 desafia o clichê dominante da época. Eles demonstram que o sucesso, a inovação e o impacto duradouro no rock ‘n’ roll podem ser alcançados através da pura disciplina e talento. Para quem deseja seguir uma carreira sólida no meio musical, entender Empreendedorismo Musical é fundamental.
Enquanto a mitologia do “viver rápido” é fascinante, a história desses músicos nos lembra que o legado muitas vezes pertence àqueles que tiveram a clareza e a longevidade necessárias para continuar criando e se apresentando por décadas a fio.







