Lady in Red: A Canção que Transformou a Carreira de Chris de Burgh
Lady in Red: A Canção que Transformou a Carreira de Chris de Burgh

Lady in Red: A Canção que Transformou a Carreira de Chris de Burgh

Às vezes, tudo o que um artista precisa é de uma imagem para acender a chama da inspiração. No caso de Chris de Burgh, esse momento mágico ocorreu quando ele viu sua esposa, Diane, vestida de vermelho e sorrindo. Desse instante nasceu “Lady in Red”, uma canção escrita por amor que se tornaria o maior sucesso de sua trajetória musical.

Essa melodia romântica cruzou fronteiras, marcou milhões de corações e transformou a vida de um homem com um nome sofisticado e uma voz suave. Mas quem era esse artista que, apesar de ter um hit global, nunca se tornou uma superestrela mundial no mesmo patamar de outros ícones de sua época?

Chris de Burgh, nascido na Argentina e com uma infância itinerante, construiu uma carreira sólida, vendendo mais de 45 milhões de discos. No entanto, é a história por trás de “Lady in Red” que ainda o mantém vivo na memória coletiva, um testemunho do poder de uma canção singular.

A Jornada de um Artista Incomum

A vida de Chris de Burgh parece ter saído diretamente de um romance de aventura. Ele nasceu em Venado Tuerto, Argentina, em 1948, e passou a infância em diversos países, como Malta, Nigéria e Inglaterra, antes de se estabelecer com a família na Irlanda aos doze anos. Filho de um diplomata britânico e de uma mãe irlandesa — de quem herdou o sobrenome artístico —, Chris carregava em suas veias uma mistura de culturas e paisagens que, mais tarde, influenciaria suas letras ricas em emoção.

Foi no sul da Irlanda, dentro de um castelo do século XII que sua família havia transformado em hotel, que o sonho começou a tomar forma. Ainda adolescente, Chris pegava seu violão e tocava para os hóspedes todas as noites. “Eu tinha 14 ou 15 anos e estava descobrindo as garotas pela primeira vez, e tudo parecia bom. À noite, não havia muito o que fazer naqueles dias. Eu cantava para os hóspedes noite após noite, e fiz centenas e centenas desses shows antes mesmo de subir em um palco profissional”, contou ele ao Montreal Gazette.

Lady in Red: A Canção que Transformou a Carreira de Chris de Burgh

Curiosamente, Chris nunca sonhou em ser uma estrela da música na adolescência; tocar violão e cantar era apenas um hobby. Ele chegou a se graduar em Artes, estudando inglês e francês no renomado Trinity College em Dublin, com planos de trabalhar em um banco ou se tornar professor. A música, naquele ponto, era puramente por diversão. Contudo, ao começar a cantar em uma lanchonete de hambúrgueres, ele sentiu algo diferente. Decidiu arriscar, mudou-se para Londres e conseguiu um contrato com a A&M Records, lançando seu primeiro álbum, Far Beyond These Castle Walls, em 1974.

Construir uma carreira musical não foi fácil. Familiares da parte de sua mãe, muitos deles generais e almirantes, achavam a ideia de ser artista algo completamente ilógico. Ainda assim, ele persistiu. Morar em um castelo sem eletricidade, dormindo em sacos de dormir nos corredores, pode parecer loucura para muitos, mas para Chris, era pura inspiração, que anos depois se transformaria em canções como “The Ghost of Old King Richard”. Em 1975, seu álbum “Spanish Train and Other Stories” conquistou o Canadá, onde se tornou uma lenda.

Lady in Red: O Milagre Inesperado

Ao longo dos anos, Chris de Burgh conseguiu construir uma carreira sólida, com quase cinco décadas de dedicação à música, resultando em mais de 300 canções escritas, 23 álbuns de estúdio e dezenas de singles. É verdade que, em uma carreira tão longa, nenhuma de suas músicas alcançou o mesmo impacto global de “Lady in Red”. Ainda assim, Chris teve outros hits moderados, como “Don’t Pay the Ferryman” e “A Spaceman Came Travelling”, que figuraram no Top 40 em diversos países.

Quando “Lady in Red” foi lançada, em 1986, Chris não era um novato. Desde 1974, ele lançava álbuns e fazia turnês, mas faltava aquele grande sucesso. Tudo mudou com essa canção, sobre a qual ele próprio não estava totalmente confiante. A balada foi escrita quase por acidente, após uma discussão com sua esposa. Chris já tinha parte da letra em mente, mas faltava direção, faltava emoção. Então, um dia, em um evento formal, ele a viu com um vestido vermelho, sorrindo para ele do outro lado da sala. Foi a faísca, a emoção que ele precisava.

Chris de Burgh escreveu sobre a sensação de redescobrir alguém que se ama, de olhar para a pessoa que está ao seu lado há tanto tempo e, de repente, vê-la como se fosse a primeira vez. “Nunca vi esse vestido que você está usando ou esse brilho em seu cabelo”, diz a canção, uma confissão honesta de alguém que percebeu estar distraído, que deixou de notar o óbvio. Ele canta: “Eu estive cego.”

Apesar de Chris não considerá-la sua melhor obra, nem mesmo a melhor faixa do álbum “Into the Light”, “Lady in Red” surpreendeu o mundo. Nem a gravadora acreditou, e ela não foi escolhida como single principal. Mas, uma vez lançada, tornou-se um fenômeno: número 1 no Reino Unido, Irlanda, Noruega, Bélgica e Canadá, e número 3 nos Estados Unidos. Muitos críticos consideraram a canção excessivamente sentimental, carente de sutileza, com uma melodia simples e letras excessivamente românticas. Mas talvez tenha sido exatamente por isso que tocou tantas pessoas: ela expressava sentimentos que muitos sentem, mas não sabem como verbalizar.

Além da Música: O Homem Por Trás do Sucesso

O sucesso, no entanto, veio com um preço. Nos Estados Unidos, Chris foi rotulado como um cantor de baladas, e alguns o chamavam de “Barry Manilow irlandês”. Isso o incomodava, pois fora dos EUA, ele era conhecido como um artista de pop-rock, com shows enérgicos e lotados. “Meus shows duram duas horas, e quase não há nada no setlist que soe como Lady in Red”, ele afirmou.

Por trás do artista que encantou o mundo, existe um homem de família, profundamente apaixonado por sua esposa, orgulhoso de seus filhos e encantado com seus netos. Chris de Burgh sempre valorizou o tempo em casa, longe dos holofotes. Casado com Diane desde 1978, eles enfrentaram um de seus maiores desafios logo nos primeiros anos de casamento. Em 1982, Diane sofreu uma grave gravidez ectópica, perdendo quase cinco litros de sangue. Um amigo médico a encontrou a tempo, salvando-a em uma cirurgia de emergência. O diagnóstico era alarmante: apenas 5% de chance de ter filhos. Foi um choque devastador para o casal, que sonhava em ter uma família.

Mas o improvável aconteceu. No ano seguinte, Diane engravidou novamente, e em abril de 1984, Rosanna nasceu — um verdadeiro milagre. Depois vieram Hubie e Michael. Para Chris, cada nascimento foi uma bênção, e ele nunca esqueceu aquele dia em 1982, frequentemente dizendo que “os anjos sorriram para nós naquele dia”.

Hoje, com seus filhos crescidos, Chris se orgulha do que construiu e reflete sobre sua jornada. Foram mais de 12 anos de luta, abrindo shows para outros artistas, viajando pelo mundo, muitas vezes com pouco retorno. Mas ele nunca desistiu. Lutou, acreditou, persistiu. Agora, aos 76 anos, sente que sua “taça transbordou” e faz questão de compartilhar seu sucesso com todos que estiveram ao seu lado, da banda ao assistente pessoal.

Quando questionado sobre sua maior conquista, ele não menciona discos de ouro, hits internacionais ou arenas lotadas. Ele responde simplesmente: “Sou uma pessoa carinhosa. Sou um bom pai. Sou um marido e avô amoroso. Sinto-me muito afortunado por ter tido a vida que tive — mas, meu Deus, eu lutei por ela.” E talvez seja por isso que sua música ressoa com tantas pessoas: porque por trás do cantor, há um homem real, com uma história de amor e perseverança.

Você já conhecia a emocionante história por trás de “Lady in Red” e a trajetória de Chris de Burgh? Quais outras canções ou álbuns do artista você mais aprecia que não foram mencionados aqui? Deixe seu comentário abaixo!

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