Gene Simmons exige pagamento justo: Artistas do rádio tratados 'pior que escravos'
Gene Simmons exige pagamento justo: Artistas do rádio tratados 'pior que escravos'

Gene Simmons exige pagamento justo: Artistas do rádio tratados ‘pior que escravos’

Gene Simmons, o icônico baixista do Kiss, fez um apelo apaixonado ao Congresso dos EUA na última terça-feira, buscando uma mudança fundamental na forma como os artistas são compensados. Ele testemunhou em uma audiência do Senado, declarando que, sob o sistema atual, os músicos são tratados pior que escravos quando suas obras são tocadas nas rádios.

A questão central é o American Music Fairness Act, um projeto de lei que, se aprovado, exigiria que as empresas de rádio pagassem os artistas pelas gravações que utilizam. Atualmente, apenas os compositores recebem royalties por execuções em rádio, deixando de fora os intérpretes e músicos de apoio. Essa lacuna legal afeta desde lendas consagradas até talentos emergentes.

Gene Simmons enfatizou a importância dessa legislação, lembrando que alguns dos maiores artistas de todos os tempos, muitos dos quais cantavam obras de terceiros, jamais receberam um centavo pela vasta execução de suas músicas no rádio. Nomes como Frank Sinatra, Bing Crosby e Elvis Presley foram citados como exemplos de artistas que ‘nunca receberam um tostão’ por milhões de execuções em rádios americanas.

Em um momento revelador, Simmons mencionou ter perguntado a George Strait, durante os Kennedy Center Honors, se ele sabia que nunca havia sido pago pelas execuções de seu sucesso ‘Amarillo by Morning’. A resposta de Strait foi surpreendente: ele não tinha ideia e precisou consultar sua equipe para confirmar a informação. Essa anedota sublinha a falta de conhecimento generalizada sobre a injustiça do sistema atual.

‘Se você é contra este projeto de lei, você é antiamericano’, declarou Gene Simmons, visivelmente indignado. ‘Você não pode permitir que essa injustiça continue. Parece uma questão pequena… Mas nossos emissários para o mundo são Elvis e Frank Sinatra. E quando eles descobrem que não estamos tratando nossas estrelas direito — em outras palavras, pior que escravos; escravos recebem comida e água. Elvis e Sinatra e Bing Crosby não receberam nada por sua performance. Você tem que mudar isso agora.’

Gene Simmons exige pagamento justo: Artistas do rádio tratados 'pior que escravos'

O Sistema Americano: Uma Exceção Global

O debate revelou que o sistema de royalties de rádio dos EUA é uma notável anomalia. Muitos outros países, incluindo nações como Rússia e China, pagam tanto compositores quanto intérpretes por execuções em rádio. Algumas nações até retêm royalties de artistas americanos porque seus próprios artistas não são compensados por execuções nos EUA. Curiosamente, outros países com um sistema semelhante ao dos EUA incluem Cuba, Irã e Coreia do Norte.

‘Como nos atrevemos a ficar em segundo lugar para a Rússia?’, exclamou Gene Simmons durante seu depoimento. ‘Um suposto país liderado por um déspota, quando eles fazem um trabalho melhor pagando nosso Rei do Rock & Roll, e nós vamos ficar parados e não pagar os artistas de hoje e os artistas futuros?’ A comparação, embora forte, ressaltou a urgência e a percepção de atraso do modelo americano.

Os Argumentos Contra e a Resposta de Gene Simmons

Michael Huppe, presidente e CEO da SoundExchange, organização sem fins lucrativos que coleta e distribui royalties de streaming digital, compareceu ao painel ao lado de Gene Simmons. Huppe também expressou forte apoio ao American Music Fairness Act, destacando a necessidade de uma remuneração justa na era digital e tradicional.

O único opositor no painel foi Henry Hinton, proprietário de quatro estações de rádio na Carolina do Norte. Hinton expressou preocupações significativas sobre os novos royalties de performance, classificando-os como ‘economicamente insustentáveis para as emissoras de rádio locais’. Ele argumentou que a imposição de novas taxas obrigaria as rádios locais a fazer cortes em outras áreas.

‘Quando novas taxas são impostas, a única opção do rádio local gratuito é cortar em outro lugar’, afirmou Hinton. ‘As estações têm que escolher entre cobrir jogos de futebol locais ou pagar novas taxas; entre fazer sua folha de pagamento ou enviar mais dinheiro para a indústria fonográfica — uma indústria que atualmente está obtendo lucros recordes, devo acrescentar.’

Simmons, que falou após Hinton, refutou essa ideia veementemente. Dirigindo-se a Hinton de forma direta, o roqueiro declarou que três de suas quatro estações de rádio ‘podem ter que pagar 500 dólares quando — não se — este projeto de lei for aprovado. Qual é o seu problema?’. A fala de Gene Simmons sugere que o custo para muitas rádios locais seria mínimo, desmistificando a ideia de um impacto econômico devastador.

O American Music Fairness Act tem recebido apoio de vários artistas proeminentes, que têm defendido a legislação tanto nos corredores do Congresso quanto na imprensa. Entre os defensores notáveis estão David Byrne, Randy Travis, Boyz II Men e Master P, que chegou a escrever um artigo de opinião sobre o projeto para a Rolling Stone no ano passado. Este apoio multifacetado demonstra a amplitude da preocupação na comunidade musical.

A luta por royalties justos para artistas de rádio é uma batalha que Gene Simmons e muitos outros consideram crucial para a dignidade e a sustentabilidade da indústria musical americana. A aprovação do American Music Fairness Act representaria um passo significativo para corrigir uma injustiça histórica, alinhando os EUA com padrões globais e garantindo que os criadores e intérpretes sejam devidamente recompensados pelo valor que entregam ao público através da rádio.

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