O lançamento da versão deluxe de “The Crux”, de Djo (Joe Keery), gerou expectativas diversas. Enquanto sua música “End of Beginning” viralizou, criando uma base considerável de fãs, outros, como a própria crítica original, se mostraram mais reticentes. Será que a versão expandida justifica o hype ou se revela uma experiência desigual?
Uma Mistura Intrigante de Estilos
O álbum passeia por diversos gêneros, explorando o indie rock suave, vibrações psicodélicas acústicas e até mesmo alguns experimentos com autotune – nem sempre bem-sucedidos, diga-se de passagem. A variedade é louvável, mostrando a versatilidade de Keery. No entanto, essa mescla, por vezes, resulta em uma experiência auditiva um tanto desconexa.
A versão deluxe, lançada cinco meses após o álbum original, não se limita a canções descartadas. Há uma clara intenção de experimentação sonora, lembrando artistas como King Gizzard and the Lizard Wizard, Ty Segall e George Harrison em alguns momentos. A influência destes artistas é perceptível, principalmente nas faixas acústicas. Mas nem todas as apostas saem vencedoras, como veremos adiante.
O Autotune e a Polêmica “Mr. Mountebank”
A faixa “Mr. Mountebank” é o ponto baixo do álbum. O uso exagerado do autotune distorce a voz naturalmente agradável de Keery, resultando em uma canção que soa datada e até mesmo desagradável. Parece uma tentativa de emular a estética eletrônica de outras canções, mas que termina soando crua e sem refinamento. Este tipo de escolha sonora, questionável em 2025, tira a fluidez e o bom gosto da experiência.
O contraste entre a delicadeza de faixas como “Love Can’t Break the Spell” e a agressividade de “Mr. Mountebank” é gritante. A transição entre canções tão diferentes cria um ritmo irregular que atrapalha a imersão. O álbum demonstra uma oscilação considerável entre momentos de brilhantismo e outros de clara fragilidade.
Momentos de Brilho em “The Crux Deluxe”
Apesar dos deslizes, “The Crux Deluxe” reserva momentos de real beleza. “It’s Over”, por exemplo, é uma faixa excepcional, com arranjos de cordas bem elaborados e a voz suave de Keery brilhando. A atmosfera melancólica e evocativa é cativante, criando uma experiência auditiva marcante.
A simplicidade também funciona a favor de Djo. “Thich Nhat Hanh”, com seus delicados toques de violão acústico, remete àquelas pérolas folk dos anos 60 e 70. A faixa final, “Awake”, encerra o álbum com uma fusão de melancolia e um toque de grunge, um final pesado e cheio de energia que surpreende positivamente.
Em resumo, “The Crux Deluxe” é um trabalho inconstante. Apresenta momentos de inspiração genuína e faixas que demonstram o talento de Keery, mas também inclui escolhas questionáveis que prejudicam o conjunto. O álbum vale a pena para quem aprecia a diversidade e está disposto a lidar com suas imperfeições.
A melhor recomendação para Djo seria se concentrar naquilo que faz de melhor: suas composições mais acústicas e com um toque de melancolia. Se ele se afastar dos experimentos eletrônicos mais arriscados, poderá oferecer uma experiência musical mais coesa e satisfatória.
Faixa Destaque: “It’s Over”
Data de Lançamento: 12 de Setembro de 2025
Para fãs de: Indie rock, folk, psicodelia (com ressalvas).
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