O violão mais caro do mundo, um Martin D18 que pertenceu a Kurt Cobain não é apenas um instrumento musical, mas sim um tesouro inestimável. Com um valor que ultrapassou todos os limites, este violão tornou-se o mais caro já arrematado em leilão, alcançando a incrível marca de mais de US$ 6 milhões. Esta cifra astronômica não é apenas um reflexo do preço de uma peça única, mas também testemunha a devoção e reverência que os fãs mantêm pelo legado do lendário vocalista do Nirvana.
Neste artigo, exploraremos não apenas o seu valor monetário, mas também a carga emocional e simbólica que o Martin D18 carrega, revelando assim o seu lugar singular na história da música. Junte-se a nós nesta jornada para descobrir cinco curiosidades fascinantes sobre este tesouro musical tão icônico.
1 – O violão mais caro do mundo era também muito raro
O violão que acompanhou Kurt Cobain no especial “Unplugged in New York” é um verdadeiro tesouro para os entusiastas de instrumentos musicais. Trata-se de uma Martin D-18E 1959, um modelo de produção bastante peculiar. Equipado com dois captadores DeArmond e três botões de controle, este violão foi uma das primeiras incursões da Martin no universo dos eletro-acústicos. No entanto, a eletrônica pesada incorporada no violão, montada diretamente no tampo de abeto Adirondack, teve um impacto negativo no seu timbre, levando muitos a considerá-la um fracasso de design. Como resultado, apenas 302 exemplares foram produzidos, com o instrumento de Kurt ocupando o ilustre número 7 da série.
Apesar da relativa impopularidade inicial, o Martin D-18E de 1958/59 vive atualmente um renascimento em valorização, graças à sua associação com Kurt Cobain e à sua raridade. O mercado de colecionadores avalia esses exemplares em patamares surpreendentes. À época desta redação, um modelo sem qualquer ligação direta com Cobain estava disponível por nada menos que US$ 62.298 em um popular site de compra e venda de instrumentos musicais.
2 – Este foi provavelmente o último violão de Kurt Cobain
O Martin D-18E detém um lugar singular na trajetória musical de Kurt Cobain, sendo provavelmente o último violão que ele empunhou em uma apresentação. Apesar da Fender Jaguar ter se destacado como seu instrumento icônico durante a era Nevermind, foi a Fender Sky-Stang que marcou o derradeiro acorde durante o encore de “Heart Shaped Box” em Munique, Alemanha. Este modelo Mustang customizado, na tonalidade Sonic Blue, apresentava um humbucker de ponte meticulosamente instalado pelo técnico de guitarra de Cobain, Earnie Bailey.
Quanto aos violões, o Martin D-18E carrega uma carga histórica semelhante. Este instrumento foi o último que Cobain adquiriu pessoalmente, em uma loja de Los Angeles, apenas alguns meses antes da memorável gravação de Nirvana: Unplugged em Nova York, em 18 de novembro de 1993. Embora não tenha sido o violão escolhido para a apresentação derradeira, o Martin ostenta a distinção de ter sido o último violão acústico que ele utilizou em um palco. A comoção em torno dessa peça é ainda mais intensa, pois há fortes indícios de que tenha sido o último instrumento que ele tenha tocado antes de sua partida, conferindo um significado ainda mais profundo a essa relíquia musical.
3 – A filha de Kurt Cobain perdeu o violão em um processo de divórcio
Após a trágica partida de Kurt em 5 de abril de 1994, seus preciosos bens foram legados à sua família, com grande parte, incluindo o Martin D-18E, sendo passada diretamente para sua filha, Frances Bean. Anos depois, Frances contraiu matrimônio com Isaiah Silva em 2014. No entanto, o casamento enfrentou desafios, culminando em um pedido de divórcio em 2016. Este processo desencadeou uma prolongada e intensa batalha judicial, com o violão de Kurt, o Martin D-18E, no epicentro das disputas.
Silva alegou que o instrumento lhe fora dado por Frances como presente, uma alegação veementemente negada pela herdeira Cobain. Após um longo embate durante o processo de divórcio, Cobain acabou por ceder e permitir que Silva ficasse com o violão, marcando um ponto de virada significativo na história deste valioso artefato musical. Embora o nome do vendedor não tenha sido explicitamente divulgado na lista do leilão, é amplamente reconhecido que se tratava de Silva, adicionando um capítulo intrigante à saga deste icônico intrumento.
4 – Courtney Love foi acusada de tentar roubar o violão
O Martin D-18E de Kurt Cobain tornou-se o centro de uma polêmica envolvendo Courtney Love, viúva do lendário músico. Isaiah Silva, ex-marido de Frances Cobain, acusou Love de orquestrar um plano para recuperar o violão em 2016. Segundo Silva, ele foi subjugado por indivíduos, incluindo o ex-empresário de Britney Spears, Ross Butler, e forçado a concordar com a devolução do instrumento, sob ameaça e coação, em um episódio que beirou o sinistro.
Após quase quatro anos de uma batalha judicial tensa, Isaiah Silva finalmente chegou a um acordo com Courtney Love em março de 2022. Este desdobramento encerra um capítulo tumultuado na saga do Martin D-18E e destaca a complexidade emocional e legal que envolve não apenas o violão, mas também o legado de Kurt Cobain.
5 – Quem é o atual dono do violão mais caro do mundo?
O vencedor do leilão, com uma oferta impressionante de US$ 6,1 milhões, foi ninguém menos que o fundador da Røde Microphones, Peter Freedman. Sua determinação em adquirir o Martin D-18E era inabalável, independentemente do custo final. O motivo era claro: Freedman vislumbrou o potencial de manchetes internacionais que chamariam a atenção para sua campanha em prol do apoio às artes por parte do governo australiano. Consciente do impacto da pandemia na comunidade artística, ele sabia que precisava de um gesto audacioso para conquistar a atenção necessária.
A aposta de Freedman foi certeira. Após a vitória no leilão, não apenas ele se tornou o notável proprietário de um dos violões mais icônicos do mundo, mas também recebeu uma enxurrada de parabéns de celebridades e chamadas de outros colecionadores com preciosidades relacionadas a Cobain para oferecer. Com planos de levar o Martin em uma turnê pelos Estados Unidos, Reino Unido e Europa, Freedman almeja não apenas celebrar o legado de Kurt Cobain, mas também direcionar os holofotes para as necessidades das comunidades artísticas em todo o mundo.
A verdade fascinante sobre o Martin D-18E de Kurt Cobain
Ao contemplarmos o legado do Martin D-18E de Kurt Cobain, nos defrontamos com a importância de um objeto, que aliás, vai muito além de suas características técnicas ou estéticas. Este violão, que à primeira vista pode parecer despretensioso, emerge como um ícone inegável na história da música. A relação enigmática entre Cobain e seu instrumento adiciona uma camada de mistério a essa narrativa, ampliando o significado cultural que ela carrega. Mesmo não sendo o exemplar mais sonoro ou esteticamente deslumbrante, sua associação com a magistral performance acústica do Nirvana confere-lhe um valor inestimável, tanto monetariamente quanto no âmbito simbólico e jurídico.
O Martin D-18E é um testemunho vivo de como um objeto pode transcender sua própria utilidade, tornando-se um ícone cultural e musical. A jornada deste violão, de um instrumento modesto a uma relíquia cobiçada, é um reflexo do poder que a arte tem de cativar corações e mentes, moldando assim a trajetória de uma era. Portanto, o Martin D-18E de Kurt Cobain permanece não apenas como um valioso pedaço de história musical, mas também como uma memória impactante e duradoura da paixão e talento que um artista pode ter no mundo.
