Ao explorar o universo dos grandes instrumentistas do rock, é quase automático pensar nos guitarristas que incendeiam o palco com riffs enérgicos e solos inesquecíveis. No entanto, uma análise mais profunda revela um aspecto intrigante: alguns baixistas conseguiram se destacar de forma notável, mesmo nas sombras das seis cordas. O exemplo de Sting, que irradiava carisma à frente do The Police com seu contrabaixo, e a presença marcante de Paul McCartney nos Beatles, são apenas os primeiros acordes dessa melodia cativante que ressoa no cenário musical.
Enquanto muitos acreditam que o papel central pertence ao guitarrista, bandas como Metallica e Rush mostraram que os baixistas podem ser protagonistas igualmente impactantes. Quando o assunto são essas bandas, os olhares convergem para os mestres das linhas de baixo. Embora o baixo possa não ter o mesmo brilho instantâneo, uma constelação de talentos excepcionais emergiu das profundezas sonoras. Cada um portanto, trazendo um carisma único que ecoa de forma inigualável.
Em termos de composição, os baixistas detêm um poder que frequentemente é subestimado
Ao ocupar o espaço sonoro mais baixo, eles fornecem a âncora essencial para bandas fenomenais. Seja ao estabelecer um pulso constante ou ao criar os grooves mais icônicos ao lado dos bateristas, os baixos enriquecem as músicas de maneiras que transcendem sua função tradicional.
Seja pelo encanto que irradiam ou pela habilidade de conceber partes melódicas envolventes, cada um dos baixistas que exploraremos desempenhou um papel crucial, tornando-se verdadeiros pilares do gênero rock. Eles comprovam que, embora a guitarra seja o coração pulsante do rock, a magia de um baixo é capaz de cativar a todos. Agora, vamos então nos aprofundar na trajetória de 10 baixistas extraordinários que, em seus respectivos palcos, lançaram um brilho próprio que não pode ser ofuscado.
10 – Nikki Sixx – Mötley Crüe
No final dos anos 1970, quando a cena do rock californiano passava por uma revolução impulsionada pela influência do Van Halen, Nikki Sixx emergiu como uma mente à frente de seu tempo. Fundador do Mötley Crüe, ele estava além da busca por hinos convencionais, enxergando o panorama completo.
Sua visão não era apenas replicar o que já existia, mas criar algo grandioso. Inspirado pela teatralidade do Kiss e pela rebeldia punk dos Sex Pistols, Sixx imprimiu uma ambição singular em sua banda. Apesar do toque de blues de Mick Mars, a maestria de Sixx na composição de hinos de rock era notável. Seja canalizando suas próprias experiências na arrebatadora “Kickstart My Heart” ou pintando imagens sombrias na mente dos ouvintes com “Shout at the Devil”.
Entretanto, os desafios pessoais de Sixx também fizeram parte de sua jornada. Uma overdose de heroína o levou a ser declarado clinicamente morto antes de ser trazido de volta pelos paramédicos. Essa batalha com seus próprios demônios foi um capítulo marcante. Enquanto o Mötley Crüe poderia ter sido apenas mais uma banda de hair metal, Sixx estava decidido a elevá-la a em patamar mais alto. Sua determinação implacável e busca por grandio
9 – Steve Harris – Iron Maiden [ baixistas x guitarristas ]
Steve Harris é uma peça central no épico Iron Maiden. Sua pegada única aliás, ressoa em cada acorde. Desde os primeiros acordes dessa banda icônica no final dos anos 1970, eles tinham uma missão: explodir os tímpanos do público com um metal furioso. Apesar dos impressionantes vocais de Bruce Dickinson, os verdadeiros fãs do Maiden sabem que o capitão desse navio é Steve Harris.
Em cada capítulo da trajetória do Maiden, Harris emergiu portanto, como o maestro das composições essenciais da banda. Desde as arrepiantes notas de “Number of the Beast” até a cavalgada imparável de “Run to the Hills”, suas criações ressoam. Harris tem uma precisão característica em seus dedos, e o fato de ele usar apenas dois para arrancar aqueles sons únicos faz parecer que ele é praticamente um super-humano há décadas.
Ao usar esse estilo distinto de tocar, com seus dois dedos criando um som marcante, Harris inspirou gerações de futuros baixistas de metal, desde Frank Bello do Anthrax até David Ellefson do Megadeth. O Iron Maiden pode ter explorado diversos sons ao longo do tempo, mas uma coisa permanece inalterada: a liderança inigualável de Harris, que continua guiando a banda em cada jornada sonora.
8 – Peter Hook – Joy Division/New Order
Nos últimos suspiros da primeira onda punk, um novo som começou a tomar forma, um som que se situava entre o punk e a iminente nova onda. Enquanto os Sex Pistols desapareciam na memória e o The Clash explorava novos horizontes, bandas como Joy Division traziam um toque mais sombrio para o rock and roll. Nesse cenário, Peter Hook trouxe sua abordagem única ao baixo, e sua melodia quase saltava dos alto-falantes.
Tanto no Joy Division quanto no New Order, o som distinto de Hook se originava então de como ele explorava o vasto terreno sonoro das quatro cordas. Ele aliás, não se contentava em ser apenas o suporte rítmico. Hook preferia criar acordes no baixo, gerando assim uma sonoridade envolvente que preenchia a música, como notável na icônica ‘Love Will Tear Us Apart’.
Mesmo quando os sintetizadores começaram a dominar a paisagem musical do New Order, a banda compreendeu que o baixo de Hook era o coração da música, dando-lhe um papel de destaque em sucessos como “Power, Corruption & Lies”. Mesmo em colaborações como “Aries” com Gorillaz, o estilo único de Peter Hook é instantaneamente reconhecível para os fãs. Sua habilidade de criar melodias marcantes e seu jeito característico de tocar o baixo deixaram uma marca indelével no mundo da música.
7 – Roger Waters – Pink Floyd [ baixistas x guitarristas ]
À medida que a década de 1960 cedia espaço, o Pink Floyd enfrentava então um dilema sobre seguir adiante sem Syd Barrett. Após trazer David Gilmour para a guitarra e substituir “A Saucerful of Secrets”, o frágil estado mental de Barrett levou à sua partida por razões de saúde. Enquanto Gilmour infundiu nova energia na banda, foi Roger Waters quem os transformou em lendas do rock.
Assumindo a tocha exatamente de onde Barrett deixou, como se ouve em faixas como “Set the Controls for the Heart of the Sun”, Waters conduziu o Pink Floyd para territórios inexplorados. O som único da banda encontrou sua plenitude em “Echoes” do álbum “Meddle”. A partir desse ponto, Waters se tornou a voz mais afiada do rock, seja na análise das complexidades humanas em “The Dark Side of the Moon” ou na exploração das batalhas com a fama em “The Wall”.
Embora Gilmour e Waters tenham colaborado de maneira brilhante durante a era clássica, Waters se destacou ao infundir profundidade humana em suas músicas, algo que ficou evidente quando ele se afastou em álbuns como “A Momentary Lapse of Reason”. Enquanto Gilmour executou com maestria a obra do Floyd em sua fase posterior, foi Waters quem deu vida à narrativa por trás das músicas, deixando uma marca indelével na mente dos ouvintes sobre como compor músicas que transcendem o comum.
6 – Lemmy – Motörhead [ baixistas x guitarristas ]
Desde o início, o Motörhead não estava destinado a ser apenas uma banda de heavy metal. Lemmy, o líder carismático, sempre insistiu que eles eram uma banda de rock barulhenta, mesmo que tenham moldado muitas das maiores bandas de metal. A conexão entre o Motörhead e o rock clássico é óbvia, mas havia algo especial quando Lemmy pegava seu baixo.
Lemmy, começou na guitarra, mas logo o destino o conduziu para o baixo durante um show com a banda Hawkwind. Depois, ele trouxe sua paixão por acordes no baixo e licks cativantes para formar uma potência do rock and roll. Canções como ‘Ace of Spades’ e ‘Overkill’ carregam sua marca. Lemmy não era apenas um músico singular, suas habilidades de composição também brilhavam. Ele não apenas liderou o Motörhead, mas também contribuiu para músicos como Ozzy Osbourne e Joan Jett. Quando olhamos para a história do rock, Lemmy ocupa um lugar especial, ao lado de figuras como Keith Richards, músicos que viveram à sua maneira até o fim.
5 – Sting do The Police
Nos anos 1970, entender o som do The Police não era tarefa fácil. Apesar da onda punk, esse trio tinha uma mistura de estilos – reggae, progressivo e punk, dependendo da música que estavam tocando. Enquanto outras bandas poderiam se perder nessa diversidade, Sting era o elo que mantinha tudo junto, graças à sua incrível habilidade melódica.
Entre os acordes expansivos de Andy Summers e a bateria virtuosa de Stewart Copeland, Sting era então a cola que unia tudo. Ele aliás, tocava baixo e cantava, responsável tanto pelos graves quanto pelas melodias. Sua interação melódica era diversificada: ele se encaixava nos riffs de guitarra de Summers em “Message in a Bottle” e dava espaço para Copeland brilhar em “Walking on the Moon”.
Quando se trata de criar melodias envolventes, Sting é um mestre, com conhecimento profundo de teoria musical. Ele sabe como escolher as notas certas para fazer uma melodia emocionante. Mesmo que as músicas do The Police possam parecer únicas em alguns momentos, Sting confia em seu ouvido para encontrar as notas perfeitas.
4 – Cliff Burton – Metallica
Estar em uma banda como o Metallica significa enfrentar o furacão rítmico de James Hetfield. Mesmo com Kirk Hammett injetando um toque de blues em sua guitarra de metal, Hetfield era a força incansável, sua mão soava como uma metralhadora. Porém, Cliff Burton, vindo de uma esfera diferente, deixou uma marca única no baixo que ainda ressoa no Metallica até hoje.
Originalmente ligado à banda Trauma de Los Angeles, Burton carregava o palco com seu baixo distorcido. Sem excessos, ele conferiu uma complexidade única às músicas do Metallica nos anos 80. Das notas ásperas de ‘Fight Fire With Fire’ à beleza pura da segunda metade do instrumental ‘Orion’, o baixo de Burton era intrincado e vital.
Para além do metal, Burton nutria um amor pela música clássica. Ele entrelaçava suas origens em partes das músicas do Metallica. Ensinando assim Hetfield a tocar harmonias de guitarra e incorporando elementos de peças clássicas, como a incorporação de ‘Come Sweet Death’ na faixa “Damage Inc” de Master of Puppets. Sem desmerecer Hammett, é válido pensar que, se o Metallica tivesse optado por ser um trio, Burton poderia ter se mantido como o principal baixista. Sua influência é indiscutível.
3 – Geddy Lee – Rush [ baixistas x guitarristas ]
Para os devotos fãs do Rush, fica claro o poder que cada membro injeta em cada música. Com apenas três no palco, cada músico precisa carregar um fardo maior para manter a dinâmica funcionando. Neil Peart, um deus da bateria desde o final dos anos 1970, contava com a companhia constante de Geddy Lee, segurando as rédeas do baixo.
Enquanto Alex Lifeson explorava territórios inexplorados na guitarra, Geddy Lee praticamente viveu e respirou o baixo. Inspirado por lendas como Chris Squire do Yes e John Entwistle do The Who, seu som distinto brota de sua abordagem pura. Criando portanto, linhas melódicas que outras bandas poderiam reservar para guitarras caracterizadas.
Mesmo quando ele se arriscou nos teclados durante os anos 80, o baixo nunca foi deixado para trás. Com um toque de efeitos antes de retornar ao som puro do rock, Lee mostrou sua versatilidade. Enquanto Alex Lifeson dominava sua guitarra para rivalizar com ícones como Jimmy Page, Geddy Lee emergia como um dos baixistas mais habilidosos da música moderna.
2 – Flea – Red Hot Chili Peppers [ baixistas x guitarristas ]
A alma do Red Hot Chili Peppers está no ritmo, cerca de 90% do que os faz serem tão cativantes. Desde seus primeiros dias como pioneiros do funk rock nos anos 80, eles mantiveram uma batida constante que atravessou seus álbuns mais memoráveis, como “The Uplift Mofo Party Plan” e “Blood Sugar Sex Magik”. Com guitarristas chegando e partindo, Flea, o baixista, sempre foi o pilar constante, mantendo os graves pulsando.
Começando originalmente com o trompete, Flea pegou o baixo quando se uniu a bandas de punk rock na juventude. Apesar de ter a chance de tocar com o grupo punk hardcore Fear, o amor de Flea por baixistas como Bootsy Collins e Larry Graham o trouxe de volta para os Chili Peppers. Ele criou linhas de baixo icônicas em músicas como “Give It Away” e “Can’t Stop”.
Apesar de suas raízes no punk rock, Flea sempre buscou a exploração. Ele usou várias técnicas ao longo de sua carreira para se manter inovador, seja no trabalho de acordes em faixas como “Hard to Concentrate” ou no retorno ao famoso slap bass em músicas recentes como “Dark Necessities”. Enquanto muitos baixistas levam anos para atingir um certo nível de habilidade, o senso de ritmo de Flea é algo que os músicos sentem profundamente mesmo antes de pegar um instrumento. Ele é o coração pulsante do groove do Red Hot Chili Peppers.
1 – Paul McCartney – Os Beatles
No início dos Beatles, havia uma pergunta: quem tocaria o baixo? Stu Sutcliffe não se encaixava, então Paul McCartney agarrou um baixo Hofner antes do Fab Four se tornar famoso. Apesar de sua história em guitarras, McCartney fez algo mágico: ele entrelaçou sua habilidade melódica com John Lennon em cada linha de baixo que criava.
Apesar do baixo ser o menor dos irmãos da guitarra, McCartney o tornou grande com carisma e composições brilhantes, especialmente quando colaborava com Lennon. Ele foi a mente por trás de muitos hits, desde as baladas iniciais como ‘And I Love Her’ até o hino ‘Hey Jude’. McCartney também sabia como criar melodias que abraçavam qualquer música. Seja em suas próprias faixas como ‘Paperback Writer’, ou colaborando com seus colegas, como o alegre groove em ‘Dear Prudence’ de Lennon. De ‘Come Together’ a ‘Something’, de ‘Taxman’ a ‘Hello Goodbye’, em qualquer canção dos Beatles, você encontraria os toques geniais de McCartney.
Em Sintonia Criativa: Baixistas e Guitarristas Criando Harmonias Diversas
Em um universo musical dominado pelo destaque das guitarras, esses baixistas brilhantes se ergueram como verdadeiros mestres das quatro cordas. Els desafiarm as expectativas e moldaram o som de suas respectivas bandas. Ao longo deste artigo, mergulhamos nas trajetórias de músicos que não apenas seguraram os graves, mas também iluminaram o palco com suas habilidades inovadoras.
Desde Lemmy, que trouxe o poder do rock ‘n’ roll puro para o Metallica, até Geddy Lee, cujo baixo vibrante impulsionou o Rush, esses baixistas não apenas mantiveram a batida, mas também elevaram o nível da música. Flea trouxe o ritmo e o groove irresistíveis para o Red Hot Chili Peppers, enquanto Cliff Burton deixou uma marca profunda no Metallica, explorando melodias ousadas e intrincadas.
Roger Waters do Pink Floyd e Sting do The Police infundiram narrativas profundas e emoções em suas linhas de baixo, transcendendo as convenções do instrumento. Steve Harris do Iron Maiden provou que o baixo pode ser tão dominante quanto a guitarra principal, compondo partes icônicas que deram vida ao som único da banda. E por fim, Paul McCartney dos Beatles, o homem que assumiu o baixo por necessidade e transformou-o em uma ferramenta de melodia e magia, contribuindo para a criação de canções atemporais.
Cada um desses baixistas demonstrou que o poder das quatro cordas pode ir além do suporte rítmico, tornando-se uma força criativa fundamental na música que amamos. Suas contribuições não apenas ofuscaram o brilho dos guitarristas em suas respectivas bandas, mas também deixaram uma marca indelével na história da música, provando que o baixo pode ser uma força de destaque por si só.