Uma mixagem limpa é como jogar uma partida de xadrez. Cada movimento que você faz tem repercussões que podem levar o produtor musical para mais perto ou mais longe de seu objetivo final.
Os mestres do xadrez não planejam apenas um movimento de cada vez; eles levam em consideração a vasta combinação de movimentos que farão após o primeiro golpe para vencer o oponente. Engenheiros de mixagem e produtores musicais qualificados trabalham da mesma maneira. Eles ouvirão uma mixagem e então traçarão todos os movimentos que farão para finalizar o projeto.
Embora o conceito seja simples, se você já tentou mixar suas músicas antes, provavelmente percebeu que há muito mais do que isso. Neste guia, traremos 6 dicas para ajudá-lo a obter uma mixagem limpa.
1 – Cuidado no arranjo, seleção de timbres e samples
Independentemente do seu nível de habilidade, é 100% possível conseguir uma mixagem limpa. No entanto, a seleção e o arranjo de timbres e sons reinam no mundo da mixagem. Se os sons que você escolher trabalharem juntos ao longo do arranjo da música, você não terá muito trabalho nas suas mixagens.
Instrumentos ruins, cordas velhas e oxidadas, podem colocar todo resultado do seu arranjo no lixo, portanto lembre que marca de instrumento não é sinônimo de qualidade, mas o cuidado com o instrumento, manutenção e regulagem são fundamentais para se obter clareza e definição nas suas mixagens.
Se a escolha for utilizar samples e instrumentos virtuais, procure por timbres com alta definição de amostragens, os VSTs mais famosos de bateria por exemplo, possuem timbres de altíssima qualidade, muitas vezes captados por engenheiros de gravação renomados que trabalharam com artistas famosos, portanto nesse caso você já tem grande parte do seu trabalho feito.
2 – Grave como se não houvesse mixagem
Você precisa gravar como se não fosse mixar depois. É muito mais fácil trocar um microfone ou mover sua posição do que tratar uma gravação que não soa bem na mixagem. Os vocais são conhecidos por causar problemas se a performance ou gravação não for de qualidade significativa. Por isso, em vez de gastar 15 horas processando vocais horríveis, reserve outra sessão para regravar as vozes; isso vai lhe poupar muito tempo.
Os instrumentos também devem ser captados com todo critério e cuidado para que soem bem, um violão por exemplo pode soar totalmente diferente se captado com microfone ao invés de utilizar os captadores, e dependendo do estilo da música você pode inclusive captar as duas fontes, microfonado + plugado, para que na mixagem você obtenha um timbre específico compondo as duas fontes.
Várias outras dicas se aplicam a todos os instrumentos, procure sempre testar com microfones diferentes, posicionamento de captação diferente, etc.
3 – Defina os níveis e panorâmicos de cada canal corretamente
Neste ponto, você está usando uma seleção coesa de samples de qualidade e o arranjo da faixa é perfeito. Então, o único problema agora é que seus níveis estão todos uma bagunça e você não tem ideia de como configurá-los corretamente.
De modo geral, você quer os elementos proeminentes de sua música na frente e no centro, e os elementos menos críticos colocados atrás deles; portanto isso varia enormemente de gênero para gênero e com base no gosto pessoal.
Procure dimensionar cada elemento da sua musica explorando ao máximo os recursos de Pan e buses, como resultado, isso fará com que cada elemento da música soe no seu devido lugar, sem atrapalhar o outro.
Se você está iniciando no mundo da produção musical e quer pegar o caminho das pedras para uma boa mixagem, vamos deixar aqui 3 vídeos com os conceitos básicos. Os tutoriais foram feitos no Pro Tools, que é uma das DAWs mais famosas do mundo, mas os conceitos que você verá nesses tutoriais servem para qualquer programa ou plugin que você irá utilizar. Seja o Logic Pro, Nuendo, Reaper, Cakewalk, Sonar, Studio One, não importa. Depois de ler este tutorial até o final, assista aos vídeos:
4 – Estude as suas ferramentas
Suas ferramentas de mixagem são os dispositivos que você usará para fornecer soluções para os problemas. Até este ponto, você não teve nenhum problema porque foi diligente em usar timbres e sons de qualidade, organizando seus canais e definindo seus níveis. Na prática, esse processo nem sempre funciona perfeitamente, e é aí que suas ferramentas de mixagem entram em ação. Além disso, mesmo que os elementos da sua música soem bem por si próprios, eles provavelmente precisarão de algum processamento adicional para que possam tocar juntos de forma coesa.
Em vez de “mexer” com seus dispositivos de áudio e esperar pelo melhor, você precisa ser capaz de identificar problemas de mixagem e saber com antecedência qual ferramenta fornecerá a solução mais eficiente. Você não apenas precisa selecionar a ferramenta certa, mas também precisa saber como usá-la. Ter um monte de plug-ins que você não sabe como usar é como ter um monte de aviões que você não sabe pilotar.
Se aprender a usar todas as suas ferramentas parece opressor agora, comece aprendendo como usar totalmente um equalizador, compressor, saturador, delay e reverb, para isso deixamos os vídeos acima para você assistir, ao terminar de ler esse post assita!
Certifique-se de saber o que cada pequeno botão, interruptor e dial desses dispositivos fazem. Por isso, dominar algumas ferramentas é muito mais útil do que possuir uma montanha de ferramentas que você não sabe como usar.
Depois de entender como um tipo de ferramenta funciona, como reverberação, você notará que outras ferramentas desse tipo funcionam de maneira semelhante. A interface de usuário de outro reverb pode ter um layout diferente, mas a maioria das funções primárias deve ser familiar.
5 – Use menos processamento em sua mixagem
Há uma boa chance de que você esteja usando muito processamento (efeitos, equalização, reverb, etc) em suas músicas, e isso é o resultado de tentar compensar a seleção e o arranjo insuficientes de samples.
Outro poço em que as pessoas caem é pensar que precisam sempre aplicar o processamento; o processamento pelo processamento geralmente resulta em mais danos do que benefícios.
Portanto, evite aplicar o processamento, a menos que você possa identificar um problema para o qual possa usar suas ferramentas com segurança para fornecer uma solução. Se você não tiver solução para o problema, revise a seleção e a disposição dos timbres (passos 1 e 2).
6 – Mixe como se não houvesse masterização
Ter sua música masterizada profissionalmente não vai mudar drasticamente a forma como ela soa. Há benefícios em ter sua música masterizada profissionalmente, mas isso não tornará uma mixagem sem brilho em ouro de qualidade comercial.
Se você acha que não pode lançar a versão mixada de sua música com alguma limitação de um iniciante no mercado fonogrãfico, a masterização profissional não vai mudar isso.
Portanto, o que vai contar sim no resultado final de seu trabalho, são os primeiros tópicos sobre os quais falamos aqui nesse post: Uma boa captação, bons timbres e uma boa mixagem lhe pouparão grandes trabalhos na masterização, restando apenas fazer o ajuste de nível e equalização geral da sua faixa.
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Fonte: black ghost audio