Steve Porcaro não é apenas um nome importante na lendária banda Toto; ele é uma verdadeira lenda dos teclados, um synth-head confesso que passou grande parte de sua carreira “noodling around with weird noises”, como ele mesmo descreve. Sua paixão por explorar as nuances sonoras dos sintetizadores é inegável, e o impacto de seu trabalho pode ser ouvido em alguns dos maiores sucessos da música pop e rock. Agora, com o lançamento de seu novo álbum, “The Very Day”, Steve compartilha conosco um olhar privilegiado sobre as ferramentas que moldaram seu som.
Recentemente, em uma entrevista para a MusicRadar, Porcaro foi desafiado a eleger seus cinco sintetizadores favoritos. A lista, sem surpresas, é um verdadeiro desfile de stone-cold classics, máquinas que não apenas definiram uma era, mas continuam a inspirar músicos e produtores até hoje. Prepare-se para uma viagem sonora pelas escolhas de um mestre.
A Jornada Sonora de um Synth-Head do Toto
A contribuição de Steve Porcaro para a música vai muito além de suas composições e performances com o Toto. Ele foi um pioneiro na exploração das capacidades dos sintetizadores, sempre em busca de texturas e timbres que pudessem enriquecer as músicas da banda e de outros artistas com quem colaborou. Sua abordagem, muitas vezes experimental, resultou em paisagens sonoras únicas que se tornaram marcas registradas.
Desde os primórdios do Toto, Steve esteve à frente das inovações tecnológicas no mundo dos teclados. Sua habilidade em manipular os sintetizadores para criar atmosferas e ganchos memoráveis é uma parte fundamental da identidade sonora da banda. É essa busca incessante pela perfeição sonora que o levou a eleger estes cinco instrumentos como seus companheiros mais confiáveis. Conhecer as ferramentas de um artesão é entender melhor sua arte. No caso de Steve Porcaro, seus sintetizadores são extensões de sua criatividade.
Os 5 Clássicos que Definiram Seu Som
Vamos mergulhar nas máquinas que ele escolheu, desvendando por que cada uma delas ocupa um lugar tão especial em seu coração e em sua discografia.
1. Moog Minimoog: O Clássico Atemporal
“Mesmo hoje, é difícil superar o som daquele filtro e a pegada analógica”, afirma Porcaro sobre o lendário Moog Minimoog. Este sintetizador monofônico revolucionou a música em sua época e continua sendo um favorito por sua simplicidade e potência bruta.

Steve foi um dos primeiros a adquirir um quando foram lançados. A beleza do Minimoog reside em sua capacidade de produzir sons encorpados e expressivos, perfeitos para linhas de baixo potentes e leads marcantes. Sua interface intuitiva e a qualidade de seu filtro o tornaram um ícone. Não é à toa que Porcaro guarda clipes antigos no YouTube, mostrando o que ele era capaz de fazer com a máquina nos anos 70. E sim, o cabelo ainda era da cor original!
2. Yamaha CS-80: O Segredo de Sucessos Globais
“Lembro-me de quando o ouvi pela primeira vez. Grande coisa para mim – eu o amei imediatamente”, revela Porcaro sobre o Yamaha CS-80. Este polisintetizador japonês é uma verdadeira obra-prima, conhecido por sua expressividade e timbres ricos. Não demorou muito para que ele se tornasse uma peça central no arsenal do Toto.

O CS-80 foi crucial na criação do primeiro álbum da banda. Ele está por toda parte em clássicos como Rosanna e, é claro, Africa. A famosa melodia “bahm-bom-bom-b-bom-bom-bahm” de Africa? Isso mesmo, é o CS-80 em ação. Steve até compartilha seu segredo: “Use os Brass presets. Existem Brass 1, 2 e 3, mas você pode usar 1 e 2 ao mesmo tempo. Depois, pegue o botão de brilho e empurre-o para trás. Você o reconhecerá imediatamente.” Uma dica de mestre!
3. Oberheim OB-8 com o DSX Sequencer: A Revolução Pré-Digital
Em uma era anterior aos VSTs e computadores poderosos, a inovação era palpável. O Oberheim OB-8 com o sequenciador DSX representava o auge da tecnologia na época. Steve Porcaro lembra: “Deus, eu usei o DSX como um instrumento separado… tocando sequências na hora.”

O DSX permitia a criação de sequências complexas e dinâmicas, algo que era considerado “hi-tech” nos dias pré-midi abrangente. Para um músico como Porcaro, que gostava de explorar novos sons e arranjos, ter essa capacidade de programar e disparar sequências de forma tão fluida era um diferencial enorme. O OB-8 em si já era um sintetizador poderoso, mas a adição do DSX o transformava em uma usina de criatividade.
4. Polyfusion Modular: Um Tesouro Restaurado
“Não posso esquecer isso”, diz Steve sobre seu Polyfusion Modular. Menos conhecido que alguns de seus contemporâneos, este sistema modular representa uma abordagem mais customizável e profunda à síntese sonora. O fato de Steve ter tido o seu restaurado recentemente por Ron Folkman, o designer original, atesta seu valor. “Ainda soa ótimo, ainda soa único”, ele comenta.

Sistemas modulares como o Polyfusion oferecem uma liberdade incomparável para criar sons do zero, conectando diferentes módulos para moldar ondas sonoras de maneiras que sintetizadores pré-configurados simplesmente não conseguem. É um verdadeiro playground para designers de som, e a risada de Steve sobre o valor do equipamento (“Ha! Nem pergunte!”) sugere que é um tesouro inestimável.
5. ARP 2600: O Desafio Compensador
Para finalizar a lista, Steve Porcaro escolhe o ARP 2600. “Você precisa passar um pouco de tempo com este, mas não ficará desapontado”, ele aconselha. O ARP 2600 é outro clássico modular/semi-modular que, como o Minimoog, produziu muitos sons icônicos na música popular.

Conhecido por sua versatilidade e a capacidade de criar uma gama impressionante de timbres, desde sons de ficção científica a baixos poderosos e leads expressivos. A curva de aprendizado pode ser um pouco íngreme, mas a recompensa é um instrumento com profundidade e caráter inigualáveis, capaz de inspirar anos de exploração sonora.
Um Legado Sonoro que Continua
A lista de Steve Porcaro é um testemunho de sua jornada sonora e da evolução da síntese de áudio. Cada um desses sintetizadores, em suas mãos, transcendeu a condição de mera ferramenta para se tornar uma voz, uma emoção, um elemento crucial na tapeçaria musical do Toto e além. Sua paixão pela exploração sonora continua a florescer, evidente em seu novo álbum, The Very Day, que já está disponível. Que suas escolhas inspirem outros músicos a “noodling around” e descobrirem seus próprios clássicos.







